Só entre março e abril, a Igreja Mundial do Poder de Deus foi alvo de oito novas ações de despejo impetradas na Justiça do estado de São Paulo. Os processos dizem respeito aos atrasos de pagamentos nas locações de templos da igreja de Valdemiro Santiago. Os valores cobrados variam de 30.000 a 1,3 milhão de reais. Na Justiça do Brasil todo, há outras dezenas de ações contra a instituição pela mesma razão. Embora a questão de ser um pesadelo de inquilino se mostre antiga, agora o líder religioso tem usado a crise econômica acarretada pelo coronavírus (ou, em suas palavras, o “Exu Corona”) para justificar a inadimplência. Ele afirmou em culto na sede paulistana da Mundial que sofreu uma recente ordem de despejo no Paraná. “Mas olhem esse momento”, explicou.
A Mundial tem o costume de, na hora de firmar contrato de locação de imóvel, pagar com antecedência ao menos três aluguéis. “Em um primeiro momento, a minha cliente achou que não teria problema diante desse pagamento adiantado”, diz advogado Pedro Toloto, que representa uma proprietária lesada da cidade de Monte Mor, interior de São Paulo. “Mas depois, nada de dinheiro. A Mundial deixou de nos pagar os aluguéis bem antes da questão da Covid, mas só em abril demos entrada com a ação.”
Na semana passada, Valdemiro Santiago entrou na mira do Ministério Público de São Paulo, que deve investigá-lo por estelionato. A questão envolve a venda de uma semente de feijão milagrosa, que seria capaz de curar o coronavírus. Um levantamento feito em 2013 pela revista americana Forbes mostrou Valdemiro como dono de um patrimônio de 400 milhões de reais. Ele contesta esse dado.