Um dos maiores eventos de experiência motor do mundo, o Festival Interlagos Autos 2024, é realizado de 9 a 11 de agosto, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Márcio Saldanha, CEO do festival, falou com a coluna GENTE sobre os números do evento, o momento do mercado e o público que se busca atingir. O empresário também está à frente do Festival Interlagos/Suhai Motos 2024, que teve a sexta edição no início de junho.
Como surgiu o Festival Autos? Ele está agora no terceiro ano de evento e foi criado depois da gente enxergar a mesma necessidade que o segmento de motos teve. Observamos uma mudança no padrão de feiras, em que os eventos estáticos já não interessavam mais para as marcas, para as montadoras. Era um ‘gap’ do segmento de motos e também se tornou um problema para os de automóvel. A gente transformou o evento de moto assim como o de automóvel, com algumas particularidades entre si. Agora estamos conseguindo chegar no melhor formato de todos os anos, sem sombra de dúvida.
Quais números podem representar essa força do evento? São 19 montadoras e 150 mil pessoas de público estimado. No evento de moto tivemos 135 mil pessoas, em cinco dias. A gente tem uma expectativa de ter um volume em torno de meio bilhão de reais em negócios aqui dentro.
Isso supera o ano interior? Muito, a gente praticamente dobrou de tamanho em relação ao ano de 2023. Em número de montadoras e de público. O evento realmente cresceu e o Autódromo de Interlagos viabilizou isso. Ganhamos 80 mil metros quadrados. Porque automóvel naturalmente ocupa mais espaço que moto. E isso é literal, é física.
Você sente também otimismo do setor automotivo no país? Sim, várias novas montadoras estão conosco, como a GWM. Temos novas montadoras que estão lançando a operação no Brasil, são a Neta, a Jaecoo e a Omoda. Isso já demonstra uma força bem grande, é um ‘big moment’. O festival se tornou ‘o’ momento do ano para as marcas, que se programam para realizar os lançamentos aqui dentro. E o formato que a gente viabiliza é interessante, porque consegue unir a exposição, a experiência e o entretenimento.
Em que sentido? A exposição é a questão da feira tradicional. A experiência é a pilotagem na pista, não só a de Interlagos, que é a principal, mas numa pista off-road, que a gente monta como pistas de habilidade para test drives diferentes. E o entretenimento são as diferentes ativações que a gente tem aqui, que vão transformar aquele momento de se visitar com a família. Desculpe o termo, mas deixou de ser evento para se ver as gostosas. A gente não quer isso aqui. Quando idealizei o festival em 2018, para ser lançado em 2019, era focado em comercialização. A gente queria, por exemplo, uma atração musical.
Por quê? Porque a gente quer trazer um público jovem, um público entrante. O jovem hoje está muito despreocupado com o consumo motorizado, usando só aplicativos (como o uber). E a gente quer trazê-lo para dentro, quer motorizar o jovem. Aí aqui tem um show, uma arena de games, uma arena kids… No sábado a gente tem um show que já é uma churrascada, uma das maiores operações gastronômicas do Brasil. São 40 mestres churrasqueiros com um show do Fernando e Sorocaba, dura cinco horas a operação.
Já é o maior do país e é o maior da América Latina? É a maior experiência motora do mundo, posso falar isso com a maior tranquilidade, não existe nenhuma operação no mundo com a diversidade de marcas que se tem aqui e com o volume de testes que a gente realiza. Na feira de moto, tivemos quase 15 mil testes e na do automóvel são duas operações, de convidados e de ingressos. Mas a gente deva atingir uns 8.000 testes. Temos em torno de 3.500 pessoas, 180 pilotos. Toda operação é nossa, até por conta de segurança. Cada pessoa que entra na pista passa por um teste de bafômetro. Tolerância zero, a gente é Lei Seca.
E já tiveram acidentes? A gente já realizou quase 15 mil testes e tive únicos dois tombos na pista.
As empresas chinesas chegaram com força no mercado do brasileiro. Como tem visto essa proximidade? É uma coisa natural. Agora eles estão chegando com uma força e com um profissionalismo outro. Os investimentos mostram que vieram para ficar, com vontade de trabalhar o mercado brasileiro, não é uma chegada de oportunidade qualquer. Você percebe claramente que tem que marcas chinesas que estão com investimentos maiores do que algumas marcas já tradicionais do mercado.
Uma palavra da moda, e não só no setor automotivo, é a questão da sustentabilidade. Como o setor tem encarado o tema? Primeiro, todas as empresas estão muito focadas nos carros elétricos. Inclusive, é uma das operações mais complexas que a gente tem aqui dentro, justamente se preparar para receber carros elétricos e recarregar todos eles. Temos 20 pontos de carregamento elétricos. Esse olhar das marcas é muito importante. As chinesas estão bastante focadas nos carros elétricos e nos híbridos.
Carro elétrico veio para ficar? Não tem mais o que ser discutido, vem para ficar. As tecnologias vão mudando, eles vão se adaptando, ganhando mais autonomia, vão conseguindo tirar uma certa desconfiança do público. Cada um vai se adaptando ao seu dia a dia. Daqui a uns cinco anos, vamos saber direitinho como ficou esse papo. Mas não tem volta.
Você pilota também? Gosto, mas não tenho tempo. No dia a dia dirijo tudo. Sou apaixonado por motores, sempre fui, a minha vida é muito ligada ao mercado de moto, mas também trabalhei muito no setor de carro. É paixão.