Até hoje foram encontradas 54 espécies de dinossauros no território nacional. Os achados se espalham por todas as regiões, de norte a sul, incluindo o interior do país – como em Uberaba (MG), que guarda o maior fóssil já encontrado por aqui, chegando a 26 metros de comprimento. Porém, esse número não é alto quando comparado a países vizinhos: na Argentina, por exemplo, já foram descobertas cerca de 140 espécies. O pesquisador Luiz Eduardo Anelli, autor do livro Novo Guia Completo dos Dinossauros do Brasil (Edusp e ed. Peirópolis), explica as dificuldades de se encontrar fósseis no Brasil.
“Existe muito para ser encontrado, só que nem sempre os fósseis estão acessíveis, ainda mais num país tropical como o nosso. Os paleontólogos encontram fósseis nas rochas que estão na superfície, mas se você mora num país tropical, o clima destrói as formações, transformando-as em solo. Ao contrário da Argentina, por exemplo, onde as rochas estão na superfície, no deserto da Patagônia, onde é possível andar em cima da rocha procurando esqueletos de dinossauros por quilômetros. Em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, numa área de 50 metros quadrados, encontraram dois dinossauros e três pterossauros. Já imaginou? No último milhão de anos, as chuvas caindo, muitos esqueletos foram destruídos. Estamos coletando dinossauros há 100 anos. Antes disso aconteceu muita coisa”, diz o pesquisador à coluna GENTE.
Em maio foi encontrado um fóssil, em São João do Polêsine, interior do Rio Grande do Sul, de um dinossauro predador carnívoro, que viveu há mais de 230 milhões de anos. A descoberta, do animal do grupo Herrerasauridae, foi feita em um sítio paleontológico da região e, só foi exposto no solo graças à erosão causada pelas enchentes que castigaram parte do estado este ano.
Na obra, Anelli traz detalhes sobre 54 espécies catalogadas de dinos brasileiros. Entre eles o Staurikosaurus pricei, bípede e com 80 cm de altura, considerado o mais antigo já encontrado no mundo, com 233 milhões de anos, também no que hoje é o Rio Grande do Sul. “Ele foi descoberto em 1937, por um paleontólogo filho de norte-americanos que se mudaram para o Brasil. Ele levou o fóssil para a Universidade de Harvard. É um tesouro da pré-história mundial. No livro, faço esse tipo de paleontologia. Porque os artigos científicos originais são completamente inacessíveis. Escavo isso e transformo em algo conhecido, com imagem, para o público leigo e crianças conhecerem as histórias”, diz o pesquisador, que também possui o projeto Trilha dos Dinossauros, no qual vista museus, escolas e universidades, falando dos fósseis brasileiros.