Em meio ao sucesso de sua primeira vilã na carreira, a Zoe em Todas as Flores, do Globoplay, entre vários outros trabalhos memoráveis na TV e no cinema, Regina Casé, 69, tem um ponto em aberto na carreira. Ela revela por que não gosta mais de fazer teatro. “Eu tenho um filho preto. Então desenvolvi um olhar estatístico que, em qualquer lugar que olho, conto quantos pretos têm, bem rápido. Já fiz muito teatro, e larguei de fazer porque não gostava de chegar no palco e ver a plateia, eu ia achando que estava falando com todo mundo e contava só dois pretos sentados. A não ser em Salvador, que eu via uns doze! Isso tudo me fez mal, fez eu sair do teatro, algo que eu adorava fazer”, diz ela, que despontou justamente no cenário teatral, na década de 1970, com o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. Sua última peça estreou em 2019, Recital da Onça.
A atriz, diretora e apresentadora segue sendo lembrada com frequência pelo Esquenta, programa que ficou no ar de 2011 a 2017 na TV Globo – e que abriu portas a muitos talentos das periferias do país. “Eu me lembro no Esquenta, em que falava: ‘Se você quer ver a vala negra, um monte de gente morta, sofrendo, os pretos todos sendo presos, você liga qualquer telejornal. Isso já tem muita gente mostrando, eu vou tentar fazer o outro lado’. E não queria ser a voz, sempre quis um lugar em que pudesse dar voz às pessoas”, afirma.
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