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‘Nossa missão é abolir qualquer forma de racismo’, diz diretora da Tim

A italiana Maria Antonietta Russo, vice-presidente de Recursos Humanos da empresa no Brasil, fala à coluna GENTE

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 Maio 2024, 12h00
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  • Desde julho de 2019 vice-presidente de Recursos Humanos da Tim Brasil, a italiana Maria Antonietta Russo tem a missão de conduzir a evolução das políticas de diversidade no ambiente de trabalho numa das maiores empresas de telefonia móvel do Brasil. A executiva lidera uma mudança radical da cultura organizacional no que tange à inclusão. Em 2021, tinha 33,6% de mulheres em cargos de liderança, a meta era chegar a 35% em 2023 – atingiu 36,2%. Há três anos, 35,7% do quadro de colaboradores era composto por pessoas negras. Pretendia chegar até 2025 na marca de 40%, algo que ultrapassou já no ano passado, com 41,4%. Uma das coautoras do livro Mulheres no RH – Volume II (ed. Leader), no qual apresenta práticas do mercado por meio de vivências de líderes da área, Antonietta conversa com a coluna GENTE sobre os desafios dessa trajetória e diz aonde pretende chegar.

    MUDANÇAS INTERNAS. “Minha jornada na Tim Brasil tem como foco a agenda de diversidade e inclusão, que reflete muito o que acontece e o que aconteceu do país nos últimos tempos. Quando cheguei em 2019 aqui, esta era uma pauta sem um foco específico. A primeira coisa que falo é: ‘Não é uma pauta de RH!’. Precisava de uma estrutura que ajudasse a liderar os projetos. Entre as mudanças organizacionais que decidi fazer foi a de criar uma estrutura dedicada exclusivamente à diversidade e inclusão. Foi o primeiro grande marco, pouquinho antes da pandemia”.

    EXPERIÊNCIA NA EUROPA. “Na Itália, por muitos anos tive o papel, além do setor de educação e desenvolvimento de grupo, de liderar a agenda da inclusão. Era algo que eu estava já trabalhando pelo menos há dez anos lá. Aqui nosso objetivo era colocar a Tim num posicionamento de marca inovadora ao cliente, logo precisava ter uma cultura mais inclusiva. Não consigo imaginar caminho diferente”.

    PREMIAÇÃO. “Respeito é básico e inclusão é essencial, esses são pensamentos fortes, a semântica passa muito pelos valores que queremos implementar. Fizemos um manifesto por escrito, porque na palavra você transmite o seu propósito e ele deve ser fácil de entender. (…) A gente tem um calendário anual de diversidade e inclusão de duas a três datas por mês alinhado com o calendário da ONU. Aí um dia chega um e-mal do GSMA Association, a mais importante associação de nível mundial, que engloba todas as operadoras de telefonia. ‘Parabéns’, em inglês, ‘vocês ganharam o Diversity in Tech Award, prêmio que nem sabíamos que existia”.

    PAÍS MULTIÉTNICO. “Não é que você precisa criar uma política de diversidade, precisa mudar a política de gestão de pessoas e trabalhar políticas inclusivas. Começamos a revisar as políticas internas, quebramos alguns paradigmas. Por exemplo, aumentar a representatividade das etnias que refletem a diversidade do Brasil como país multiétnico. Peguei a política de recrutamento e alterei coisas. Como abrir seleção a todas as universidades; e não me interessa se o candidato fala ou não inglês. Vamos oferecer de graça o curso de inglês aqui dentro. É assim que a gente aumentou o número de pessoas negras”.

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    GOTA A GOTA. “Todo dia sofro resistência, mas se quebra uma cultura gota a gota até rachar a pedra. É assim, uma gota, outra gota, outra gota… É perseverança e coerência. Sem isso não se muda uma cultura. Nossa missão é abolir qualquer forma de racismo. Podem até pensar que é só uma agenda de marketing e que toda empresa faz essas coisas. Mas a coerência em fazer acontecer o que você declara é fundamental, aí cria credibilidade”.

    NOVOS PASSOS. “Agora o desafio não é tanto mais quanto aos colaboradores, é com o cliente que comete um ato racista contra meu colaborador numa loja. Para nós, zero tolerância, mesmo sendo cliente. Se tenho que ser coerente com todos, vamos ser. A Tim Brasil tem 10 mil funcionários em todo o Brasil. Se a gente quer verdadeiramente atuar em mudanças, que não seja um projeto passageiro, precisa da força nacional, em conjunto com a sociedade”.

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