O historiador Daniel Aarão Reis, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), que na década de 1960 integrou o movimento estudantil, quando foi preso, torturado e exilado na ditadura, fez uma crítica a filme Ainda Estou Aqui. Ele elogia o longa de Walter Salles, mas com uma ressalva. Para ele, a obra não apresenta a luta de Eunice Paiva, descrita por Marcelo Rubens Paiva no livro que baseia a produção.
“Ressalvados os elogios de praxe, minha crítica é a seguinte: o filme concentra-se quase exclusivamente na tragédia familiar e deixa quase na obscuridade a luta da Eunice Paiva, que é o aspecto central do livro. O filme suscita piedade e emoção. As pessoas choram. Isso tudo é muito positivo. Mas penso que seria melhor se o filme suscitasse ânimo de luta, coragem para enfrentar a adversidade. Enfim, para resumir, acho que o filme poderia ensejar emoção, piedade e compaixão, como o fez, mas poderia também, se seguisse o livro (que é muito melhor que o filme), apresentar uma lição de vida, de coragem, de altivez, virtudes que fazem falta e de que precisamos muito, sobretudo nestes sombrios dias atuais e que tiveram na Eunice uma grande representante, mas foram compartilhadas por outras mulheres e pelos nossos melhores advogados”, disse em um vídeo publicado no seu perfil do Instagram. Na rede social, ele possui o quadro Esquina do Livro, que apresenta semanalmente.