Uma das questões que costumam surgir no período logo após a eleição de um novo imortal para a Academia Brasileira de Letras é: quem bancará o fardão, que custa cerca de 70 000 reais, para a cerimônia de posse? No caso de Fernanda Montenegro, será a prefeitura do Rio. “Óbvio que vamos pagar”, diz Eduardo Paes. “Fernandona é especial, sob todos os aspectos. O Rio se sente homenageado através dela”.
Fernanda já está eleita para a vaga que pertencia a Afonso Arinos de Mello Franco, conforme VEJA Gente antecipou. A vestimenta-fetiche tem ramos de café bordados em fio de ouro sobre cambraia verde-oliva e geralmente é bancada pelo governo do estado ou pela prefeitura do município onde o acadêmico nasceu – nem sempre com tanta boa vontade, como no caso de Eduardo Paes.
Já houve, no entanto, quem quebrasse o protocolo. Eleito em 1990, Ariano Suassuna contratou uma costureira pernambucana para fazer o seu fardão e foi achincalhado pelo colunista social Ibrahim Sued. “Um horror, muito jeca a posse de Suassuna”, atirou o então porta-voz da high society. Já o compositor e filósofo Antonio Cícero, único representante da comunidade LGBT na ABL, usou em 2018 uma versão criada pelo marido, o figurinista Marcelo Pies. “Ficou igualzinho e custou um décimo do preço”, defendeu um acadêmico.