A ideia era ousada. Aproveitar a estrutura do BBB para fomentar o novo programa Estrela da Casa. Mas a atração não conseguiu segurar audiência, apesar de bons patrocinadores em sua estreia. Apresentado por Ana Clara, descoberta no reality show anterior, o programa não tem graça, não empolga nem engaja nas redes – apesar de todo o esforço que Ana faz diante das câmeras.
A raiz do problema está visível aos olhos do público: a falta de refinamento estético e artístico da atração. Explica-se. Os participantes parecem saídos de um balaio de subcelebridades dispostas a tudo pela fama, inseridas num vazio criativo sem robustez profissional. Jogados aos cômodos vigiados por câmeras, se espera que interajam, briguem, criem artimanhas que movimentem as relações entre si, ao mesmo tempo que precisam criar música e mostrar seu… talento.
Estrela da casa queria fundar a teoria de que é possível, sim, um reality show confinar “artistas de verdade” e mostrar arte “24h por dia”. Mas a má qualidade da atração derrubou por terra qualquer tentativa neste sentido. Além dos selecionados não empolgarem com seus timbres e composições, a edição é fraca, a dinâmica do jogo é repetitiva e os cenários são sofríveis. Estrela da casa seria ainda uma forma da TV Globo arejar – junto ao público e seus patrocinadores – o gênero do entretenimento de confinamento já tão desgastado em 24 edições. O que se viu até agora foi apenas uma lambança desafinada.
Trata-se de um BBB “pobrezinho”. Ao lançar de forma descuidada o Estrela da casa, a emissora periga manchar o padrão de qualidade (estética) que soube impor com seu reality mais bem sucedido. Vai ser muito difícil tirar dali um cantor pronto ao estrelato.