Presidente da Riotur, Ronnie Aguiar Costa tem a missão de colocar na rua “o maior carnaval de todos os tempos” – após o hiato de dois anos de suspensão da festa com a pandemia de Covid-19. Isso porque no ano passado, não aconteceu o desfile de blocos, apenas o de escolas de samba, já no finalzinho de abril. Agora é para valer. Com bloco, com escolas de samba, com tudo. Em conversa com a coluna, Ronnie fala dos números gerados pela festa, adianta os planos de duplicar o carnaval para além de fevereiro e diz não temer o avanço da “boa fama” de São Paulo na folia.
Como andam os preparativos da cidade para o carnaval? As expectativas são as melhores possíveis. A prefeitura se preparou ao longo do ano passado inteiro, planejando como seria esse carnaval. A gente está batendo alguns recordes esse ano, o réveillon já foi assim, a gente chegou a quase 100% da ocupação hoteleira. A expectativa é de que o carnaval gire em torno de quatro a cinco bilhões de reais na cidade. Só no carnaval de rua, por exemplo, a expectativa é de 1 bilhão de reais.
Para efeito comparativo, esse valor é maior em relação aos últimos anos? A comparação é do ano que teve também no carnaval de rua, 2020, ou seja, um crescimento de 20%. A expectativa para esse carnaval é de um aumento não só de arrecadação, mas de turistas, algo de 20 a 25% a mais se comparado a 2020.
Quanto está sendo investido neste carnaval? Do carnaval de rua, o investimento é todo privado. Foram 617 blocos inscritos e 402 autorizados pela Riotur, sendo 456 desfiles. A Sapucaí é convênio feito com a Liga das Escolas de Samba (Liesa). A maior novidade deste carnaval é a mudança da Intendente, a nova Intendente Magalhães, que é um carnaval muito tradicional e popular (onde acontecem os desfiles dos grupos abaixo do Acesso). Aí sim a prefeitura entra com infraestrutura.
O que está sendo feito para estas escolas menores? A gente mudou a estrutura, está construindo uma “mini Sapucaí” para o período do carnaval da Intendente. Agora, sai da Intendente Magalhães e vai para (avenida) Hernani Cardoso, o que facilita a logística do lugar, com menos impacto no dia a dia das pessoas. A gente aumentou três vezes a capacidade, para 5.000 pessoas. Ali o carnaval é bem popular e a gente não queria perder essa tradição.
E quanto ao repasse de verba para as escolas de samba? A gente conseguiu em tempo recorde esse apoio cultural, que era parcelado, conseguiu fazer 90% de uma vez só. Ficam 10% para se repassar após a prestação de contas, depois dos desfiles. No grupo especial foram dois milhões para cada agremiação. E no acesso, em torno de 860.000.
Como anda a relação com a Liesa? A gente dividiu as tarefas. Eles ficaram com as de serviço, como o credenciamento da imprensa.
O que está atrasado para este ano… Sim, a gente vai começar a fazer a quatro mãos e ajudar. Existe também uma cobrança muito grande na diminuição de números de credenciamento. Foi um pedido do prefeito que a Liesa fosse mais criteriosa. O credenciamento foi deles, mas no final vai dar tudo certo. A gente recebeu da Justiça para fazer um novo estudo de Segurança Pública de todo o espaço da Sapucaí, então isso também está gerando um transtorno a mais.
Nesse final de semana teve a polêmica interdição do Corpo de Bombeiros, que não tinha liberado ensaios técnicos na Sapucaí. Por que todo ano acontece isso? Na verdade, a Sapucaí não foi interditada. A vistoria foi num dia que não tinha desfile, por questões de segurança. A Liesa e a Riotur não tinham disponibilizado os equipamentos na noite de sexta-feira e os estoques já estavam fechados. Os equipamentos estavam guardados e os funcionários já não estavam no expediente. Mas no dia seguinte, às 11 horas, estava tudo colocado, o Bombeiro foi lá, fez a vistoria e liberou. Foi falta de comunicação.
Da parte de quem? De todos, não tem anormalidade nisso, os bombeiros cumprem função importantíssima para segurança do público. A gente respeita, mas foi só uma falha de conciliar horários. Tem que ser feito todo ano, tem que estar sempre atento, sempre melhorando.
Existe a possibilidade da presença do presidente Lula na Sapucaí. Inclusive um dos lugares que ele poderia ficar é o camarote da prefeitura. O que se fala disso? É certo que a presença de um presidente engrandece qualquer evento. A gente está preparadíssimo para recebê-lo. Já o recebemos outras vezes, inclusive no outro mandato veio à Sapucaí. A gente o recebeu sem problema nenhum. O Rio de Janeiro ganha muito com isso. Mas até o momento não há nada confirmado.
Nos últimos anos o carnaval de São Paulo cresceu bastante. Você teme o avanço “folião” da cidade vizinha? Com todo respeito ao povo paulista, ninguém faz carnaval como o Rio. É uma competição saudável, só que a gente faz o maior carnaval do planeta há muitos anos e não vai ser diferente dessa vez. Todos os outros estados também têm que evoluir, melhorar, mas vou puxar sardinha aqui para nossa cidade… Não há comparação (risos)!
Existe a possibilidade de um segundo carnaval durante o ano? A vocação do Rio é fazer festa né? Nossa geografia colabora muito com isso, nosso clima também. A gente tem que aproveitar a vocação da cidade O prefeito tem essa vontade e a gente está com um planejamento bem avançado. Passando esse carnaval, em breve a gente anuncia como vai ser o carnaval fora de época. Adianto que será ainda esse ano. Vai ser diferente, não é um feriado longo. Pode ser que não seja com todas as escolas de samba. A gente está fazendo planejamento de um carnaval para atrair as pessoas fora da época do feriado oficial.