Primeiro indígena a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), Ailton Krenak, 70 anos, já participou do tradicional chá da tarde com os imortais, na sede da entidade, no Rio de Janeiro. O convescote, contudo, ficou aquém do esperado, já que a tradição impede que os eleitos se manifestem enquanto não se sentarem de vez no trono que os conduz à imortalidade. “Logo agora que ganhei lugar de fala, me convidaram para ficar calado. Eu parecia uma coruja, com os olhos arregalados, só observando sem fazer barulho”, diverte-se ele, que terá de aguardar até 5 de abril de 2024 para vestir o fardão. Os futuros pares do ambientalista, porém, não perdem por esperar. O novo ocupante da cadeira de número 5, antes do historiador José Murilo de Carvalho, pretende soltar o verbo depois de empossado. “Quero levar as 200 línguas indígenas para dentro da ABL”, diz.
Publicado em VEJA de 1º de dezembro de 2023, edição nº 2870