A rejeição à cantora francesa convidada a abrir Olimpíadas de Paris
Aya Nakamura é alvo de protestos da extrema direita do país
Um dos esportes favoritos dos parisienses nestes tempos pré-olímpicos é apostar se o Sena vai mesmo estar com as águas límpidas até julho, quando será palco da aguardada cerimônia de abertura. Pois nos últimos dias o rio que serpenteia a cidade se encontra no meio de outra polêmica, embalada por perigosas tintas xenófobas. Tudo começou quando o presidente Emmanuel Macron convidou a estrela do pop francês Aya Nakamura, 28 anos, a se apresentar naquelas margens, justamente na inauguração dos Jogos. Logo o grupo ultradireitista Les Natifs publicou nas redes a foto de uma faixa onde se lê: “Não tem jeito, Aya, isso é Paris, não o mercado de Bamako”. Era um ataque ao fato de a cantora, criada nos subúrbios da capital, ter nascido no Mali, na África, e promover uma mistura de letras em francês com árabe. “Você pode ser racista, mas não surdo. É isso que te machuca”, rebateu ela. Cabe agora ao Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmar sua presença na festa.
Publicado em VEJA de 5 de abril de 2024, edição nº 2887