A tragédia climática vivida pelos gaúchos desde o início de maio impactou diretamente mais de cinquenta instituições culturais do estado, como a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e o Memorial do Rio Grande do Sul, nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC/RS). Na sexta-feira, 7, o governador Eduardo Leite (PSDB) e o banco Banrisul anunciaram um aporte de 25 milhões de reais para o setor cultural. O programa Banrisul Reconstruir RS destinará verba para recuperação de instituições da Secretaria da Cultura (Sedac) e para iniciativas de retomada de trabalhadores e projetos da área. Além disso, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) investirá 59,5 milhões de reais para apoiar microempreendedores individuais e microempresários da cultura. “Estamos aqui no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), um símbolo do estado, vivendo um momento especialmente emocionante. Vamos superar essa crise, com o vigor de pessoas e instituições que não se resignam diante das dificuldades”, afirmou o governador.
Apesar da enchente histórica, a Sedac conseguiu preservar quase todo o seu acervo, graças à uma força-tarefa emergencial implementada nos dias que antecederam a subida das águas. Equipes movimentaram as obras para andares superiores dos prédios, trabalhando em conformidade com os protocolos de segurança e mantendo o patrimônio cultural a salvo. Nas últimas semanas, com a redução do nível da água, foi possível realizar vistorias nas instituições. No Margs, por exemplo, foi possível identificar que algumas obras do acervo em papel da instituição – entre elas gravuras, fotografias e desenhos – foram atingidas pela enchente. A estrutura operacional do prédio também foi comprometida, envolvendo computadores, equipamentos, mobiliário, recursos e materiais de trabalho, além de parte da instalação elétrica do térreo, hidráulica, lógica, telefonia, TI e parte do sistema de climatização.
Na Casa de Cultura Mario Quintana, os principais danos sofridos foram nas salas da Cinemateca Paulo Amorim, em poltronas e carpetes, além de aparelhos de ar-condicionado, que ficaram imersos em pelo menos meio metro de água. Todas as salas – Paulo Amorim, Eduardo Hirtz e Norberto Lubisco – foram afetadas. Entre as instituições de outros municípios gaúchos, a mais gravemente atingida foi o Museu Estadual do Carvão. Metade do acervo de documentos foi molhado. A outra metade está salva no segundo andar da usina, sendo supervisionada.
Em instituições que não são geridas pela Sedac e que tiveram seus espaços tomados pelas águas, oito apresentaram infiltrações e transbordamento de calhas, e 12 estão com inundações em avaliação. Além disso, 20 museus estão em risco em 11 municípios do estado: Dois Irmãos, Montenegro, São Leopoldo, Caxias do Sul, Igrejinha, Taquara, Triunfo, Bagé, Dom Pedrito, Cel. Pillar e Putinga.