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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Nunes é Tarcísio e Tarcísio é Nunes

Zigue-zague de Bolsonaro mostra que governador assumiu o comando da direita paulista

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 set 2024, 14h53
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  • O telefonema surpresa de Jair Bolsonaro num evento do candidato à reeleição a prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes na quinta-feira à noite, no clube Monte Líbano, a baixa participação popular no evento pró-anistia do ex-presidente no Sete de Setembro e as pesquisas Quaest e Datafolha desta semana apontam na mesma direção: o comando da direita está se transferindo para o governador Tarcísio de Freitas

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    Com o carisma da marginal Tietê em dia de chuva e uma gestão mais apagada que céu enfumaçado desses dias, Nunes só está vivo na disputa porque Tarcísio está todos os dias aparecendo ao lado na campanha e, através da sua base de partidos, lhe garantiu quase dois terços do tempo de TV. A aparição de Bolsonaro no evento de quinta mostra o ex-presidente a reboque. Semanas atrás, ele havia sugerido a Tarcísio que Nunes seria o seu “túmulo político” e fez vários acenos para apoiar o coach Pablo Marçal.  
     
    Como em toda disputa, a tendência só se confirma na vitória. Se Nunes vencer, Tarcísio se consolida como o herdeiro do bolsonarismo para 2026. Se Marçal vencer, o governador de São Paulo possivelmente deixa a disputa presidencial e vai para a reeleição a governador. O voto do paulistano decide o futuro de Tarcísio. 

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    As duas pesquisas mais recentes têm números diferentes, provavelmente resultado dos dias de coleta. A Quaest deu Nunes 24%, Marçal 23% e Boulos 21% e foi encerrada no dia 8, um dia depois do evento do Sete de Setembro no qual o coach brigou com Bolsonaro e com o líder evangélico Silas Malafaia. O Datafolha mostrou Nunes com 27%, Boulos com 25% e Marçal com 19% e terminou no dia 12 e captou melhor os resultados da pancadaria sobre Marçal vindo da direita.
     
    Como está o jogo

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    Ricardo Nunes – As duas pesquisas reforçam o peso da TV para consolidar o voto no prefeito entre os que consideram sua gestão boa/ótima e regular, na periferia (impedindo o crescimento de Boulos) e entre os e eleitores de Tarcísio (que está se mostrando um padrinho político mais eficiente que Jair Bolsonaro para o prefeito).
    A maior novidade do Datafolha foi mostrar um crescimento para além da margem de Nunes entre os evangélicos e eleitores de Bolsonaro, provavelmente resultado da propaganda negativa do prefeito sobre Marçal se dizendo melhor que o rei Salomão e as críticas de Bolsonaro depois do Sete de Setembro.
     
    Guilherme Boulos – As sondagens confirmam a dificuldade de Boulos em crescer no eleitorado de Lula. O candidato do Psol ainda tem apenas a metade dos eleitores que votaram em Lula em 2022 e perde para Nunes entre os mais pobres, menos escolarizados e mais velhos- grupos que tradicionalmente apoiam Lula. 

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    Em contrapartida, Ricardo Nunes consolidou seu apoio entre mais pobres e na periferia, onde se esperava que o apoio de Lula e da ex-prefeita Marta Suplicy fariam diferença. 
     
    Pablo Marçal – As pesquisas captam um movimento de estagnação de Pablo Marçal, embora seja cedo falar que ele bateu no seu teto. Depois do Sete de setembro, diz o Datafolha, diminuiu a fatia de evangélicos que pretendiam votar no coach. Esse efeito não foi captado na Quaest provavelmente pelas datas de campo. É notável que os últimos dias foram tomados pelos vídeos distribuídos pela campanha de Nunes em que Marçal aparece falando mal do rei Salomão e de líderes evangélicos criticando o coach por atacar a prática do dízimo e as lideranças das igrejas. 
     
    É irônico que candidato do antissistema, Marçal hoje é vítima de uma campanha pesada de quem se dizia antissistema em 2018. Na máxima do Capital Nascimento no filme ‘Tropa de Elite’, “o sistema é foda, parceiro”

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