Aos 20 minutos da prorrogação da final da Copa do Mundo de 2006, o meio-campista francês Zinedine Zidane foi provocado pelo zagueiro italiano Marco Materazzi e respondeu com uma cabeçada. Melhor jogador do mundo, Zidane foi expulso e o jogo foi para os pênaltis. Nas cobranças, a Itália venceu por 5 a 3. Materazzi fez o seu.
Candidato a presidente pela sexta vez, Lula da Silva (PT) já participou de mais de 20 debates. Ganhou alguns de goleada (como os dois contra José Serra e Geraldo Alckmin nas finais de 2002 e 2006 e o primeiro no segundo turno contra Fernando Collor, em 1989), perdeu outros (como o segundo contra Collor e o primeiro desta campanha na Band), mas sempre foi um bom debatedor. Nesta quinta-feira, 29, no debate da Globo, o ex-presidente Lula da Silva repetiu Zidane e caiu na provocação do candidato que se apresentava como padre Kelmon.
Depois de recitar várias denúncias de corrupção, o candidato Kelmon leu a pergunta: “Você era chefe do esquema?”. Quando Lula tentava responder, Kelmon falava ao mesmo tempo, mesmo com o microfone desligado. Ele repetia “o senhor é o chefe da corrupção” quando Lula falava.
O ex-presidente perdeu a paciência e cruzou a rua para pisar na casca de banana. “Candidato laranja não tem respeito por regra”, acusou Lula, se referindo à postura de subordinação de Kelman ao presidente Jair Bolsonaro.
O debate da Globo era a maior oportunidade para Lula resolver a eleição no primeiro turno. De acordo com o Datafolha divulgado horas antes, o petista tem 50% das intenções de voto, na margem de erro para garantir a vitória.
A performance na Globo, no entanto, torna improvável que Lula tenha ganho algum voto de indeciso ou tomado apoio de eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet. Pesquisas qualitativas feitas na madrugada mostram que o bate-boca com suposto padre pode afastar votos de indecisos para o petista.
A final pode ser decidida nos pênaltis do segundo turno.