O anúncio da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal do líder do Centrão Valdemar da Costa Neto muda a configuração da campanha da reeleição. O vice-presidente Hamilton Mourão está descartado na sucessão e terá dificuldades para se candidatar até ao Senado. O companheiro de chapa do presidente pode ser os ministros das Comunicações, Fábio Faria, ou da Casa Civil, Ciro Nogueira. Principal voz do bolsonarismo entre as denominações pentecostais, o pastor da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas Malafaia corre por fora.
Pelo acordo de Bolsonaro com Valdemar, o candidato a vice será indicado pelo PP, partido hoje majoritário no consórcio do Centrão, com o ministro Ciro Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira e o líder do governo, Ricardo Barros. Se quiser, Ciro pode ser o candidato a vice, mas a interlocutores tem dito que prefere ficar onde está.
Surge como principal opção Fabio Faria, deputado eleito pelo PSD do Rio Grande do Norte, genro do dono do SBT, Silvio Santos, e hábil articulador político. Para ser mesmo o escolhido, Faria terá de obter o apoio do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo, controlador da TV Record.
Faria já acertou deixar o PSD para ser candidato ao governo potiguar pela coalizão bolsonarista. Ele disputa a possibilidade com outro operador político do governo, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Se Faria se filar ao PP e conseguir ser o vice de Bolsonaro, a paz interna fica selada.
Faria é o responsável por um dos poucos sucessos do governo, a concorrência da tecnologia 5G que mesmo envolvendo quase R$ 47, 2 bilhões ocorreu sem escândalos até agora. Até mesmo a participação da chinesa Huawei como principal fornecedora de peças das operadoras Claro, Vivo e Tim terminou tendo repercussão limitada, um avanço se for lembrando a costumeira sinofobia de Bolsonaro e sua milícia digital contra as vacinas Coronavac. A licitação do 5G foi um feito para um governo incapaz de montar um concurso tradicional como Enem sem fazer barulho.