Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Tela Plana

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

The Last of Us: arrasa-quarteirão da HBO traz visão original do Apocalipse

Série se vale de trunfos poderosos ao transpor para a tela um videogame sobre um fungo que transforma humanos em zumbis

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h12 - Publicado em 6 jan 2023, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Desde tempos ancestrais, a humanidade nutre uma relação de amor e ódio com os fungos. Ao mesmo tempo que alguns desses organismos proporcionam dádivas como a cerveja e os antibió­ticos, outros destroem plantações e causam doenças. Nenhum gênero, no entanto, é tão fascinante e assustador quanto o Ophiocordyceps. Ele infecta as formigas e, em grosseira analogia, as transforma em “zumbis”, fazendo com que se movam até um ambiente propício para sua reprodução. Mas o que aconteceria se, hipoteticamente, esse fungo sofresse uma mutação e agisse no sistema nervoso central humano, nos transformando também em zumbis? A perturbadora premissa sustenta a série The Last of Us, que estreia em 15 de janeiro na HBO Max.

    The Last of Us Part I – PlayStation 5

    Baseada no videogame de mesmo nome do PlayStation, com 30 milhões de cópias vendidas no mundo, a produção demonstra que, embora o pior da pandemia do coronavírus felizmente pareça ter passado, o apetite por enredos que imaginam o apocalipse continua firme e forte. Se epidemias provocadas por vírus viraram clichê dominante nos filmes e programas que exploram o tema, a opção de The Last of Us por um inimigo como os fungos — pouco lembrados, mas tão potencialmente letais — já eleva a série a um patamar criativo notável.

    O argumento da trama surgiu lá atrás, em 2013, com o lançamento de um dos games mais bem-sucedidos das últimas décadas. Criado pelo israelense Neil Druckmann quando ele tinha pouco mais de 30 anos, The Last of Us oferece uma experiência imersiva em certa aventura periclitante. Após a infestação do fungo, que surge na Indonésia e rapidamente destrói a civilização, o herói Joel — vivido na série pelo chileno Pedro Pascal, de Narcos e Game of Thrones (leia a entrevista abaixo) — vaga por cidades americanas que retrocederam a um estado bárbaro, em meio a uma ditadura militar feroz, terroristas e o pior: zumbis com medonhas cabeças de cogumelo famintos por morder outros humanos e espalhar a praga. Devastado pela perda da filha, Joel acha uma razão de viver na missão de proteger e levar a adolescente Ellie (Bella Ramsey, também de GoT), última humana imune ao fungo, a um laboratório onde se tentará produzir a cura para o mal.

    TALENTO - Bella Ramsey (à esq.): atriz dá vida a garota que pode salvar o mundo -
    TALENTO – Bella Ramsey (à esq.): atriz dá vida a garota que pode salvar o mundo // (Liane Hentscher/HBO)

    A tarefa de Joel e Bella é tão excruciante quanto o tabu que a própria série se propõe a quebrar. Ao longo dos anos, transpor o argumento dos games populares para o cinema ou a TV tem sido uma tarefa inglória — e frequentemente malsucedida. Desde a primeira e terrível adaptação de Super Mario Bros., em 1993, passando pela constrangedora Lara Croft: Tomb Raider (2001), com Angelina Jolie, até a franquia Resident Evil, protagonizada por Milla Jovovich, todas as tentativas viraram motivo de chacota. Até a Naughty Dog, empresa que criou The Last of Us, sucumbiu à sina: seu primeiro filme, Uncharted: Fora do Mapa, lançado no ano passado e baseado no game homônimo, é tão desconexo que não agradou nem aos fãs.

    Continua após a publicidade

    The Last of Us Remasterizado Hits – PlayStation 4

    Ao contrário dos desastres anteriores, The Last of Us exibe trunfos que explicam o interesse de uma companhia como a HBO, notória por investir em tramas densas e originais. O mais básico deles vem de uma qualidade de sua fonte inspiradora: o jogo criado por Druckmann é caso exemplar da evolução que levou os games a se tornarem uma força motriz do entretenimento — em 2022, estima-se que o setor tenha faturado 184 bilhões de dólares, sete vezes mais que o cinema. O pulo do gato é o roteiro competente — conforme seu criador contou a VEJA, ele está a serviço de contar uma história dentro do jogo, e não apenas da diversão momentânea.

    De fato, a saga apocalíptica tem coisas profundas a dizer sobre a moral e a civilização. Para sobreviver ao caos, a dupla enfrenta desafios que vão além de apenas escapar dos infectados: os maiores perigos vêm de negacionistas, grupos mercenários e outros tipos humanos querendo tirar proveito da desgraça coletiva — qualquer semelhança com o mundo ou o Brasil real da pandemia não será fortuita. “Quando estávamos pesquisando para criar o jogo, olhamos como a humanidade respondeu a surtos mortíferos como o da gripe espanhola”, explica Druckmann.

    The Last of Us Part II – PlayStation 4

    Continua após a publicidade

    Para transpor toda a tensão para a série, ele se aliou a Craig Mazin, criador da premiada Chernobyl, que retrata o devastador acidente nuclear soviético de 1986. “Tanto em Chernobyl quanto em The Last of Us a história é também sobre ciência”, diz Mazin. O ingrediente para dar liga à receita é a relação entre o turrão herói de Pascal e a garota rebelde vivida pela britânica Bella. Como no game, os dois desenvolvem uma afeição de pai e filha — com direito a lances de alívio cômico no horror da distopia. “Mesmo no apocalipse você tem de se divertir. Não dá para viver sem contar piadas e falar palavrões”, brinca Bella. Na TV ou no cinema, o fim do mundo ainda vai render muito.

    “Não tenho habilidade com games”
    O chileno Pedro Pascal, de 47 anos, fala sobre como foi interpretar o protagonista de The Last of Us.

    HERÓI - Pascal: “Expandimos a história, mas sendo fiéis ao jogo” -
    HERÓI - Pascal: “Expandimos a história, mas sendo fiéis ao jogo” – (./HBO)

    Viver Joel, um personagem que só existia nos games, foi um desafio peculiar? Eu não queria que o público sentisse a mesma coisa que sente ao jogar o game, mas que soubesse que a experiência de meu personagem no jogo foi importante para o desenvolvimento da série.

    Continua após a publicidade

    Como se deu essa adaptação na prática? A experiência do jogo é quase como o desenrolar de um livro, só que de forma imersiva. Para mim, foi importante pesquisar o game a fundo para descobrir o que ele estimularia na minha mente e no meu coração. Nos mantivemos fiéis à nossa inspiração original, mas expandimos a história e criamos surpresas.

    Já conhecia o jogo? Eu cheguei a me arriscar nele, mas não tenho habilidade nenhuma com videogames. Eu jogava com meu sobrinho. Ele, contudo, perdia a paciência: tomava o controle de mim e me fazia apenas vê-lo jogar.

    Publicado em VEJA de 11 de janeiro de 2023, edição nº 2823

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Continua após a publicidade
    “Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia“Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia
    The Last Of Us Part I – PlayStation 5
    “Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia“Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia
    The Last Of Us Remasterizado Hits – PlayStation 4
    Continua após a publicidade
    “Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia“Gosto de personagens moralmente ambíguos”, diz atriz de Duna: A Profecia
    The Last of Us Part II – PlayStation 4
    logo-veja-amazon-loja

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.