A rotina de Paula (Carol Castro) é, por natureza, perturbadora. Policial científica, ela precisa lidar com crimes e assassinos bizarros usando suas habilidades de perita para solucioná-los. Após a morte da filha Lucia (Bella Camero), porém, ela tem um surto psicótico e vai parar em uma clínica psiquiátrica — em suma, vai de investigadora a pessoa tida como louca num piscar de olhos. A partir desse mote, Insânia, nova série do Star+ produzida no Brasil, gravada no Paraná e criada pelo argentino Lucas Vivo, brinca com a linha tênue entre o real e a imaginação com o intuito de provocar medo e tensão. A produção é mais uma tentativa de explorar um gênero que, para além dos filmes trash do Zezé do Caixão, nunca teve grande tradição em nosso cinema e TV: o terror.
Em 2020, séries como Desalma, do Globoplay, e Bom Dia, Verônica, da Netflix, abordaram diferentes vertentes do horror — cada uma à sua maneira. A primeira é mais puxada para o sobrenatural e mostra eventos bizarros acontecendo na cidade de Brígida, interior do sul do Brasil, após décadas do desaparecimento de uma jovem. A segunda, baseada no livro do escritor pop Raphael Montes em parceria com Ilana Casoy, tende para o suspense criminal ao apresentar a história de Verônica Torres, policial vivida por Tainá Müller que investiga um predador sexual e acaba descobrindo um casal que esconde segredos bizarros.
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Insânia também caminha em direção à investigação policial, deixando de lado as histórias de monstros ou de assombrações. O terror aqui reside no constante clima de estranheza, intensificado pelo cenário da clínica psiquiátrica e pela sensação de que algo está errado. Paula está convencida de que sua filha não morreu e que a garota estava sendo perseguida por um homem misterioso. Dessa sensação surgem suas dúvidas sobre a instituição em que está internada — a qual esconde da imprensa experimentos escabrosos realizados nos pacientes. A série investe, ainda, em narrativas paralelas como a presença de um assassino canibal que vai ganhando espaço na trama.
Embora pese a mão nos flashbacks e sequências fragmentadas que só embaralham uma história já bastante enrolada, a série até que é palatável. Mérito dos episódios curtos e dos personagens, principalmente a protagonista de Carol Castro, que entrega uma atuação convincente. Para se preparar para o papel, a atriz fez imersão na rotina da Polícia Científica do Estado de São Paulo e acompanhou o trabalho de um perito — o que envolveu atividades como a análise de cadáveres e a investigação de vestígios após um crime. Entre tentativas e erros, é bom ver o Brasil apostando cada vez mais em produções de terror.
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