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Documentário sobre Erasmo Carlos no Globoplay deixa as polêmicas de fora

Produzido pela equipe do Programa do Bial, 'Erasmo 80' parece uma versão estendida do programa 'Arquivo Confidencial', do Faustão

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jan 2024, 12h16 - Publicado em 5 jul 2021, 12h11
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  • Documentários biográficos feitos a toque de caixa se transformaram num nicho bastante prolífico para o cardápio dos programas originais produzidos pelo Globoplay. De Karol Konká e Marília Mendonça a Sandy & Junior e Arnaldo Antunes já tiveram suas vidas esquadrinhadas pelo serviço de streaming. Agora, é a vez do cantor e compositor Erasmo Carlos recontar a sua história no filme Erasmo 80, com 1h20 de duração, lançado no início deste mês para celebrar seus 80 anos de vida. Produzido por Pedro Bial e a equipe do seu programa, o filme resgata a história do cantor desde a infância no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, passando pelo fenômeno que foi a Jovem Guarda e a amizade com Roberto Carlos.

    Para os fãs, documentários como esses são um deleite. Para o artista é uma bem-vinda propaganda, já que há uma completa inexistência de polêmicas. É um jogo de ganha-ganha, quase como se eles fossem um grande Arquivo Confidencial do Domingão do Faustão, sem o Faustão. Perde-se, no entanto, o estofo jornalístico. Não há ineditismo ou revelações, apenas exaltação.

    Pouca coisa é dita sobre os dramas que ele enfrentou na vida, como a morte de sua primeira esposa, Sandra, a Narinha, que morreu um dia depois do Natal, em 1995, após a ingestão de cianeto. Embora fale sobre a importância de Narinha na vida de Erasmo (que dedicou várias músicas a ela), não há nenhuma menção à sua morte. A morte do filho Alexandre, aos 40 anos, em 2019, após um acidente de moto, também não é mencionada. Mesmo o novo amor do cantor, sua esposa Fernanda, é vagamente citada e sua imagem aparece apenas ao fundo, em algumas fotos em porta-retratos. Tudo para evitar falar do tabu da diferença de idade. Ela tem 31 anos e é 49 anos mais nova do que ele.

    Por outro lado, as vaias que Erasmo sofreu no Rock in Rio de 2001 e uma famosa briga que ele teve com Roberto Carlos, ainda na Jovem Guarda, são exploradas, com cenas de arquivo, seguidas por reflexões de Erasmo. Há também entrevistas antigas feitas por Bial, Nelson Motta e Marília Gabriela, em que Erasmo falava sobre como estava superando a fama de machão para se tornar um homem mais sensível. A amizade com Roberto Carlos, obviamente, também é mostrada, inclusive com algumas entrevistas (de arquivo) em que Roberto só elogia o eterno amigo. Um dos pontos positivos são as apresentações musicais em que Eramos canta, em um casarão à beira-mar, seus principais sucessos, como Gente Aberta, É Preciso Saber Viver e Mesmo que Seja Eu.

    Embora o documentário apresente os principais momentos da vida de Erasmo e se esforce para apresentá-lo como gente como a gente, é impossível não notar a espessa camada de verniz jogada sobre o artista. Para virar um Arquivo Confidencial, só faltou mesmo a narrativa marota do Faustão. O filme é, enfim, uma divertida homenagem a um dos mais importantes músicos e compositores do Brasil, mas não, necessariamente, um documentário.

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