No fim de 1992, o Brasil acompanhou pelos noticiários o chocante assassinato da atriz Daniella Perez, filha da autora Gloria Perez, na época no ar como a mocinha da novela global De Corpo e Alma. A jovem de 22 anos foi morta pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e sua então esposa, Paula Thomaz. O caso se mesclou ao roteiro da novela, no qual os personagens de Daniella e Guilherme mantinham um relacionamento conturbado. Agora, trinta anos depois, a série Pacto Brutal, da HBO Max, devolve a narrativa à família, limpando da história mentiras e acusações infundadas contra a vítima.
Em menos de um mês no ar, a série documental se tornou o título mais visto da HBO Max nacional até hoje. Gloria Perez revelou a VEJA como se sentiu com o notável resultado de audiência. “A grande repercussão me diz que valeu a pena todo o desgaste emocional que me custou essa imersão na dor maior da minha vida”, disse ela. “Foi muito duro gravar minha participação, revisitar os momentos mais difíceis, mais sofridos, agora através da fala. Foi a primeira vez que pude falar de sentimentos. Antes, só tive que rebater versões fantasiosas e agressões à memória da Dany. O documentário, dando voz ao processo, tirou o crime do espaço de ficção para devolvê-lo ao real.”
Glória também ressaltou o modo sexista como o crime foi tratado na época. “Pelo fato de ser mulher, as versões mais absurdas, as acusações mais infundadas, mais desrespeitosas, eram divulgadas sem questionamento. Penso que ainda há muito o que se fazer no que diz respeito à proteção às mulheres, mas já temos um ganho muito grande, porque hoje estamos reconhecendo e falando sobre isso.”