O Corinthians apresentou nesta semana o seu novo treinador, Sylvinho, um velho conhecido de PLACAR, desde o início de sua carreira como atleta do próprio clube paulista – quando ainda tinha o nome grafado como Silvinho. Em suas primeiras aparições, ele participou de reportagens bastante inusitadas. Já no fim de carreira, como jogador do Barcelona, foi exaltado por ninguém menos que um jovem Lionel Messi.
Lateral-esquerdo formado no Parque São Jorge em 1994, Sylvinho fez parte da equipe que faturou o Paulistão e a Copa do Brasil no ano seguinte. Durante uma partida daquele Estadual, PLACAR, no bojo de uma reformulação editorial colada ao slogan “Futebol, sexo e rock’n’roll”, teve uma ideia criativa: produzir a tradicional foto posada do time não antes, mas depois de uma suada batalha.
A dura negociação envolveu repórteres e fotógrafos para convencer dirigentes e atletas. Antes da vitória corintiana por 3 a 0 sobre o América de São José do Rio Preto, foi combinado que ninguém poderia trocar de camisa com os adversários depois do apito final. Um gigantesco pano branco fazia as vezes de estúdio improvisado, para a imagem especial. Mas uma falha técnica (no foco da câmera) fez com que os registros ficassem inutilizados — e todo o trabalho foi perdido. A equipe da revista não desanimou ante a nova “missão impossível” e, graças à amizade dos repórteres com alguns dos jogadores, pôde repetir a dose no confronto com o Bragantino, algumas semanas depois.
Os onze jogadores deixaram o campo rapidamente, sem dar entrevistas, e se reuniram no vestiário do Pacaembu: alguns já sem as chuteiras, outros sem camisa, o cansaço depois de noventa minutos. O resultado, um incômodo empate por 2 a 2, tornou a foto de Antonio Rodrigues ainda mais interessante e dramática que a primeira, com caras fechadas (incluindo a de Sylvinho, o terceiro sentado, da esquerda para a direita), a decepção estampada no rosto, mesmo que alguns tenham tentado demonstrar alegria.
No mesmo ano de 1995, na edição de setembro, Sylvinho topou o convite da PLACAR para visitar o Playcenter, famoso parque de diversões na capital paulista na época. “O lateral Silvinho, do Corinthians, gosta de emoções fortes. Seja no campo ou fora dele. Tanto que ele nem pensou duas vezes para dar mas voltinhas no Evolution, um dos brinquedos mais radicais do parque de diversões Playcenter, em São Paulo. Ele aprovou o sobe-e-desce-vira-e-mexe. ‘Dá o maior medo, mas é muito gostoso’, disse, enquanto se recuperava da aventura. ‘Você acha que vai cair e depois perde totalmente a noção do espaço'”, dizia trecho da reportagem.
No fim da década, Sylvinho apareceu em diversos cliques na PLACAR, em importantes decisões. Em seu currículo pelo clube, ele conquistou os Paulistas de 1995, 1997 e 1999, a Copa do Brasil de 1995, e o Brasileirão de 1998, antes de ser negociado com o Arsenal, da Inglaterra.
Já como atleta do Barcelona, em janeiro 2006, Sylvinho foi citado na matéria de capa sobre dois craques. “Muy amigo… Você não conhece esse rapaz? Pois ele é Messi. O argentino que não desgruda de Ronaldinho no Barcelona quer roubar o título de melhor do mundo e aprontar para o Brasil na Copa”, dizia a chamada da reportagem de Arnaldo Ribeiro e Elias Perugino.
Então com 18 anos, uma promessa do Barcelona que já se prepara para disputar sua primeira Copa pela Argentina, Messi foi praticamente “adotado” pelos experientes atletas brasileiros do time, como Edmilson, Deco, Thiago Motta, Ronaldinho e …Sylvinho. O hoje técnico do Corinthians, aliás, foi tratado com uma espécie de “pai de Messi” pelo próprio.
“Jorge, pai de Lionel Messi, diz que Ronaldinho tem sido muito generoso com seu filho. “Os catalães também o tratam bem, mas com os brasileiros existe uma relação especial. Sylvinho se comporta como um pai. E Deco é fora-de-série. Leva meu filho para cortar o cabelo em uma barbearia onde vão os brasileiros e o acompanha até para comprar roupa”, diz um dos trechos. (Leia a edição completa aqui)