O pré-candidato à Presidência, Guilherme Boulos (PSol), disse na tarde desta sexta-feira (20), em Porto Alegre, que se for eleito será o primeiro a não fazer aliança política com o PMDB, partido do atual presidente, Michel Temer. A declaração foi uma crítica aos ex-presidentes Dilma Rousseff, de quem Temer era vice, e Luiz Inácio Lula da Silva. O PMDB também participou dos governos anteriores às gestões petistas, como o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“O PMDB deu as cartas e chantageou todos os governos. Queremos pela primeira vez na Nova República [desde 1985] colocar o PMDB na oposição, não queremos aliança com o PMDB”, disse Boulos durante coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
A própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que acusa ao PMDB de “golpista”, admitiu a possibilidade de aliança com o PMDB considerando contextos estaduais.
A declaração de Boulos sobre rejeitar qualquer aliança com o PMDB serve para diferenciar sua candidatura dos demais concorrentes de esquerda, especialmente o PT. A distinção ocorre mesmo com o apoio de Boulos ao ex-presidente Lula, preso após condenação em segunda instância. “Temos diferenças políticas com o PT e com o próprio Lula. Ter uma candidatura própria expressa esses limites, mas não nos faz coniventes com injustiça”, disse o pré-candidato, que acredita que a prisão de Lula é política.
Líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Boulos também criticou os governos petistas por não “enfrentarem os privilégios” e por não terem feito uma reforma tributária em doze anos no poder. “[No Brasil], rico não paga imposto. Quem sustenta [o estado] é pobre e classe média. Quem tem mais, tem que pagar mais; quem tem menos, paga menos. É assim na maioria dos países capitalistas do mundo”, falou.
Com 1% da intenção de votos dos eleitores brasileiros segundo o último Datafolha, Boulos entende que a campanha eleitoral será “uma batalha de Davi contra Golias”. “É uma campanha sem estrutura por opção porque preferimos andar de chinelo rasgado pelo país do que receber dinheiro de banco e empreiteira e depois ter rabo ‘preso’”, disse.
Para ele, a eleição de outubro será “aberta, incerta e imprevisível” e a candidatura do Psol é “para valer” e não apenas “para marcar posição”.
Uma das suas principais bandeiras, se eleito, é a realização de um plebiscito popular para revogar medidas do governo Temer como a reforma trabalhista e o teto de gastos públicos.
Diferentemente do PT, que defende a regulação da mídia, Boulos disse que apenas defende a Constituição e que não deseja que isso seja encarado como tentativa de censura. “Deve se fazer cumprir a Constituição e que isso não seja confundido com censura. A Constituição brasileira desautoriza monopólios, mas eles acontecem à revelia. A Constituição não permite que políticos tenham concessão de rádio e televisão, mas, Brasil afora políticos têm concessões para uso de interesse próprio”, falou.
Boulos chegou a Porto Alegre pela manhã para cumprir dois dias de agenda. Antes da coletiva, visitou uma ocupação do MTST na zona norte da capital, almoçou no Mercado Público e concedeu entrevista à Rádio Guaíba e ao jornal Correio do Povo, do grupo Record. Depois, encontrou membros da comunidade palestina. À noite, o compromisso é uma palestra sobre saúde do trabalhador na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). No sábado, o pré-candidato é esperado na cidade de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, e também no bairro Restinga, na capital gaúcha.
Na próxima semana, a cidade receberá novamente João Amoêdo (Novo), também pré-candidato à Presidência. Amoêdo participou recentemente do evento Fórum da Liberdade, onde defendeu propostas liberais ao lado de outros cinco presidenciáveis. Amoêdo participará de um brunch na terça-feira (24) para convidados no Hotel Sheraton no evento “Brasil de Ideias”, promovido pela Revista Voto.