Uma empresa fumageira do interior do Rio Grande do Sul terá que se retratar com os funcionários por coagi-los a votar no candidato Jair Bolsonaro (PSL). Pressionar e intimidar empregados para votar em um candidato pode caracterizar crime. “Depois eu gostaria de saber se tem algum PT aqui no meio. É uma maravilha saber e tentar mudar a cabeça dessa pessoa porque ela tem que pensar um pouquinho nas empresas. (…) Se o Bolsonaro não ganhar, eu vou embora”, disse um dirigente da empresa em vídeo que circula na internet e mostra a coação.
Conforme o termo de ajuste de conduta (TAC) do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Santa Cruz do Sul, assinado por um sócio da empresa, a empresa tem que fazer uma leitura diante dos empregados sobre o direito de livre escolha do candidato na eleição. O TAC também deve permanecer visível a eles. A cada cláusula descumprida, a multa será de 50.000 reais.
O TAC foi assinado pela procuradora Enéria Thomazini e por Gilmar João Alba, da Tabacos D’Itália, empresa fumageira de Venâncio Aires.
Recentemente, Luciano Hang, dono das lojas Havan, foi condenado pela Justiça do Trabalho a divulgar em todas suas redes sociais e lojas que seus funcionários, antes coagidos a votar em Bolsonaro, têm o direito de livre escolha do voto.
“Resolvi juntar vocês todos para botar na cabeça de vocês que, nós, sem vocês não somos nada. Não temos mão de obra, não somos ninguém. Mas, se nós, empresa, não existirmos, quem são vocês? Vocês são menos ainda. Não vai ser Bolsa Família, não vai ter nada. Por que não vai ter nada? Não vai ter nada porque o Lula não vai ter de quem roubar. Porque um presidiário fazendo campanha e quase querendo ganhar essa eleição. Me desculpa se tem algum PT. Depois eu gostaria de saber se tem algum PT aqui no meio. É uma maravilha saber e tentar mudar a cabeça dessa pessoa porque ela tem que pensar um pouquinho nas empresas. Da onde vem o nosso dinheiro para comer no dia a dia para não roubar, não matar, não fazer. Só existe roubo por quê? Porque tem empresa. Se não tivessem os empresários, não existiria roubo. Vão roubar de vocês? Ou vocês entre vocês vão se matar? Se não tem a empresa, se eu vou embora, eu sou um que vou embora. Se o Bolsonaro não ganhar, eu vou embora”, disse o dirigente na gravação.