Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Será que a moderação venceu?

O mau humor que viabilizou Bolsonaro e Marçal vai voltar em 2026

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 out 2024, 11h11 - Publicado em 11 out 2024, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Foi uma surra. No ranking de prefeituras, os seis primeiros partidos mais bem-sucedidos são todos de direita ou centro-direita — o Centrão se distribui por todos. Juntos, levaram quase 4 000 prefeituras. O PT, com apenas 248, ficou em nono lugar, atrás até do PSB e do PSDB (!).

    Em São Paulo, onde Lula se envolveu intensamente, Guilherme Boulos passou raspando, e mesmo assim somente porque a direita rachou ao meio, sem o que teria perdido no primeiro turno, por 58% a 29%.

    Há quem queira tapar o sol com a peneira, dizendo que houve progresso: afinal, em 2020, o resultado foi ainda pior (verdade, mas, naquela época, Lula não era o presidente). Outros botam a culpa em tudo e em todos — até no eleitor pobre, que não teria consciência de classe —, menos no PT. A verdade é que a esquerda se tornou incapaz de compreender o Brasil do século XXI ou de construir um discurso que convença o eleitorado.

    Bolsonaro também perdeu. Seu partido, o PL, mesmo com a maior verba eleitoral (1 bilhão de reais), ficou em quinto lugar. Seu candidato no Rio (sua cidade e reduto), Alexandre Ramagem, tomou uma tunda de 60% a 31% de Eduardo Paes — este, sim, um dos maiores vencedores desta eleição, franco favorito para governador em 2026.

    Mais impressionante foi ter perdido o controle do bolsonarismo. Os eleitores mais radicais de Bolsonaro aderiram ao arrivista Pablo Marçal. Perplexo e paralisado, o ex-presidente viu aliados como Marco Feliciano, Nikolas Ferreira e Ricardo Salles embarcarem na candidatura do coach. Silas Malafaia, um dos apoiadores mais ferrenhos de Bolsonaro, veio a público para chamar o apoiado de “omisso”, de “porcaria de líder” y otras cositas más.

    Continua após a publicidade

    “O Centrão pode não ser extremista, mas o seu apetite é imoderado e tende a tomar o orçamento do país”

    Ricardo Nunes, frustrado com o pouco apoio recebido no primeiro turno, agora não sabe se Bolsonaro mais ajuda ou atrapalha. Como não existe vácuo em política, o posto de padrinho de Nunes, antes reservado ao ex-presidente, foi ocupado pelo governador Tarcísio de Freitas — outro vencedor.

    Pablo Marçal poderia ter perdido ganhando — em poucas semanas, foi de nulidade a fenômeno e chegou empatado com Nunes e Boulos —, mas tem um encontro marcado com a Justiça. (Quem de fato perdeu ganhando foi Tabata Amaral, que mostrou preparo, coragem e respeitáveis 10%: jovem e sem problemas com a Justiça, tem uma avenida aberta pela frente.)

    Continua após a publicidade

    O maior vencedor desta eleição, no entanto, é Gilberto Kassab, chefão do PSD. Depois de conquistar 878 prefeituras, passou a semana dando entrevistas e ocupando o espaço que lhe cabe: o de principal fiador da eleição de 2026. Deixou claro o que todo mundo meio que já sabe: Bolsonaro está fora do baralho e, se Lula estiver fraco, o candidato é Tarcísio. (Se Lula estiver forte, aí tem conversa.)

    PT e Bolsonaro foram derrotados e o Centrão venceu, mas é um erro supor que venceu a moderação. O mau humor que viabilizou extremistas como Bolsonaro e Marçal continua vivo, e vai voltar em 2026. E o Centrão pode não ser politicamente extremista, mas seu apetite é imoderado e tende a tornar o orçamento do país inviável. E ninguém tem projeto de país.

    É cedo para o Brasil respirar aliviado.

    Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.