Vida dura é a do ministro Fernando Haddad. Como se não bastasse ser alvo de fogo cerrado do PT, ainda tem que aturar as bolas nas costas que toma do chefe.
E não há jeito de o chefe entender.
“Se for necessário fazer endividamento para este país crescer, qual o problema?”, perguntou Lula.
O problema, claro, não é o endividamento em si. É qual é o tamanho da dívida, quanto ela custa e se o país tem capacidade de pagar. A dívida é enorme, o país não consegue pagar sequer os gastos correntes, cria dívida nova constantemente. O resultado é que os credores exigem juros altíssimos, fazendo com que a dívida se torne cada vez mais impagável. Criar dívida nova de maneira deliberada é impensável.
“Quando é que a gente vai tomar decisão de salto de qualidade e aí que entra decisão política, não é decisão de mercado, não é decisão fiscal. A gente tem que discutir que país a gente quer para a próxima década”, disse.
Pelo jeito, o que Lula quer para a próxima década é o mesmo que tivemos na década passada. A política econômica expansionista criada por Lula no final de seu primeiro mandato e mantida em toda a era PT provocou oito trimestres seguidos de recessão, fez disparar a dívida, a inflação, os juros e o desemprego. Foi uma segunda década perdida.
“Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do Banco Central, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”, afirma o documento aprovado pelo PT.
Lula não entende o que são rentistas e o que são investidores e poupadores, e insiste que gastos irresponsáveis farão o país crescer. FHC foi responsável, e o país cresceu. Lula foi irresponsável, mas só a partir de 2006, de modo que a situação fiscal só saiu do controle mesmo com Dilma: com Lula, o país cresceu; com Dilma, o PIB caiu. Como lembra o ministro Haddad, gasto não é garantia de crescimento: na última década, o país gastou 1,7 trilhão… e não cresceu.
“A massa salarial de hoje é menor que de 2010. É um retrocesso.”, afirmou. Um retrocesso que tem PT, Lula e Dilma carimbado por todos os lados.
“Nós temos o caminho das pedras, temos de decidir agora se vamos retirar essas pedras ou não. Ou se a gente vai chegar à conclusão que olha, por um problema da Lei de Responsabilidade Fiscal, de superávit primário, de inflação, a gente não poder fazer.”
Não é que Lula não entenda a importância da responsabilidade fiscal, apenas. Pelo jeito, Lula não entende sequer o significado dos provérbios que cita.
Presidente, se o senhor retirar as pedras do caminho das pedras, o senhor escorrega e cai.
(Por Ricardo Rangel em 13/12/2023)