“Empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É isso que nós queremos”, disse o guia genial dos povos do Sul Global, Luís Inácio primeiro e único, em uma fala recheada de críticas à segunda maior empresa brasileira, a Vale.
A frase é (mais) uma ducha de água fria em quem gosta de acreditar que Lula é um democrata radical. O presidente parece adepto de uma versão maligna do aforismo atribuído a Voltaire, algo como “defenderei até a morte vossa obrigação de fazer o que eu mando”.
A Vale está longe de ter uma conduta impecável — o modo como lida com os desastres de Brumadinho (que o presidente critica) e de Mariana (ocorrido durante o governo PT, e do qual o presidente nunca fala) é imperdoável —, mas não chega a parecer dona do Brasil, como diz Lula. Empresas como a J&F e a Novonor, antiga Odebrecht, a cuja conduta o presidente não faz reparo, estão bem mais perto disso.
Mas quem realmente tem vocação para dono do Brasil, querendo impor sua vontade a empresas privadas e estatais, é o próprio Lula. O país sabe o que aconteceu quando as empresas cumpriram as determinações dos governos petistas, por sinal. A lembrança não é boa.
Os disparates de Lula não se atêm ao Brasil. Pouco depois de comparar Israel a Hitler, Lula partiu para o deboche, dizendo não ter dito a palavra “Holocausto” — como se a fala “quando Hitler resolveu matar os judeus” não fosse uma alusão explícita ao Holocausto. Afirmou que hoje “diria a mesma coisa”. E não para de falar em genocídio (sobre o Hamas devolver os reféns, não costuma se pronunciar).
Quanto mais choca e irrita os brasileiros com as barbaridades profere, mais Lula parece determinado a seguir chocando e irritando os brasileiros. A gente ouve as barbaridades e se pergunta…
Lula não precisa de apoio — no exterior, no Congresso, no eleitorado?
Lula não tem compromisso com o sucesso de seu próprio governo?
Lula se esqueceu das imagens da Av. Paulista no último domingo? Não está interessado em vencer as eleições deste ano e de 2026?
Lula saiu da casinha?
(Por Ricardo Rangel em 29/02/2024)