Pablo Marçal é um fenômeno.
Desconhecido até ontem, sem que ninguém saiba bem de onde veio ou como ficou milionário, Marçal é aquele caso intrigante do sujeito que é famoso por ser conhecido.
Como Bolsonaro, mas com anabolizantes, Marçal não tem qualquer proposta, não debate assunto nenhum e seus argumentos são a falta de educação, a agressividade e a mentira descarada. Um pouco como o tal pombo enxadrista, que derruba as peças, defeca no tabuleiro e sai voando e cantando vitória.
O problema é que dá certo. Marçal disparou nas pesquisas. E deixou os adversários atônitos.
Em pânico com a perspectiva de Marçal tomar o lugar de Bolsonaro como líder da direita, o bolsonarismo atacou-o o quanto pôde. Perdeu todas. No momento, está parado, pensando em que rumo seguir. Seu candidato, Ricardo Nunes assiste atordoado, sem saber o que fazer, a seus votos serem drenados.
Guilherme Boulos torce para que seja mais fácil derrotar um extremista como Marçal do que alguém mais razoável como Nunes — mas é torcida, nada mais. José Luiz Datena não tem para onde ir.
A única que parece ter um plano é Tabata Amaral. Sem abandonar completamente o figurino de jovem bem intencionada cheia de ideias, a candidata partiu para cima do adversário com tudo.
Obteve na Justiça a suspensão de perfis de Marçal nas redes sociais que promoveriam abuso do poder econômico. Marçal criou perfis “reserva” e, em poucas horas, obteve milhões de seguidores. Tabata não se abalou, e promete explicar o que parece inexplicável, dando a entender que o método não foi lícito.
Tabata repete insistentemente a pergunta que não quer calar — “de onde vem o dinheiro?” —, e sugere que veio do crime organizado. Chama Marçal abertamente para a briga: “eu vou desmascarar você”. E ainda faz pouco: “não foge, que vai ser pior”.
Se vai dar certo ou não, não se sabe. Mas finalmente alguém parece ter um plano.
(Por Ricardo Rangel em 26/08/2024)