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Lula se estrumbica

O presidente está no terceiro mandato e não aprendeu o bê-á-bá

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jul 2024, 16h50 - Publicado em 5 jul 2024, 06h00
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  • Lula durante a assinatura de lei que estipula metas para o enfrentamento integrado da violência contra a mulher
    Errando na comunicação, Lula estrumbica a si mesmo e a seu governo (Ricardo Stuckert/PR)

    O dólar sobe forte desde o início do ano. A economia, aqui e no exterior, não explica a trajetória do real, bem pior do que a de outras moedas.

    Fernando Haddad, sutil, deu a dica: “O melhor é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto ao arcabouço fiscal”. “Quem não se comunica se estrumbica”, dizia, menos sutil, Abelardo Chacrinha. Errando na comunicação, Lula estrumbica a si mesmo e a seu governo.

    Quando o assunto é dólar, presidente da República só pode dizer o seguinte: “O câmbio é flutuante: ele flutua”. Se o assunto é taxa de juros, pode dizer o seguinte: “O Banco Central é autônomo”. Qualquer coisa diferente gera especulação.

    Lula está no terceiro mandato e ainda não aprendeu o bê-á-bá. Critica os juros, ataca o presidente do Banco Central (que não tem mesmo compostura, diga-se), se queixa de que “eu tenho que esperar ele terminar o mandato e indicar alguém”. Sobre o dólar, diz que “não é normal o que está acontecendo (…), que é uma especulação (…), temos que fazer alguma coisa”. Convoca reunião sobre o assunto.

    Lula alimenta a especulação que critica. Sem ver o óbvio círculo vicioso, chama de “cretinos” os que associam os soluços do mercado ao que diz.

    “Fernando Haddad, sutil, deu a dica: o melhor é acertar a comunicação sobre autonomia do BC e arcabouço fiscal”

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    Diante da disparada do dólar na terça 2, Lula recuou. Mas continua com a mesma visão, sem ver o que interessa.

    O governo brasileiro gasta demais e gasta mal. Os serviços prioritários, como educação, saúde e segurança são abaixo da crítica e, mesmo assim, a carga tributária, das mais altas do planeta, não paga a conta: o país está sempre pegando dinheiro novo emprestado.

    Os grandes sumidouros de dinheiro são conhecidos. A Previdência passou por uma reforma, não deveria ser mais problema, mas é. Intensamente combatida pelo PT, a reforma foi diluída e se tornou insuficiente.

    O funcionalismo público é caríssimo: há gente demais, que ganha mais do que a iniciativa privada paga, desfruta de uma estabilidade em geral indevida e de uma Previdência ainda mais deficitária do que o regime geral. A reforma administrativa é urgente.

    Há as subvenções tributárias. “De repente, você descobre que tem 546 bilhões de reais em benefício fiscal para os ricos”, disse um Lula “perplexo”. Perplexos ficamos nós, os cretinos: Lula está no terceiro mandato, no cargo há um ano e meio, mas não sabia dos subsídios (boa parte dos quais criada por governos do PT)? E ainda defende subsídio novo para a indústria automotiva?

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    E há o custo dos juros da dívida, dos quais Lula tanto reclama. Mas a taxa de juros não é uma decisão arbitrária do Banco Central. Ela é resultado da expectativa de inflação — que decorre em parte da responsabilidade fiscal do governo. Lula gasta mais do que arrecada (a dívida aumenta), demonstra que isso não vai mudar (o juro não cai), o custo da dívida só cresce.

    “Não tenho que prestar contas a nenhum ricaço desse país. Tenho que prestar contas ao povo pobre.” Lula não é “o povo na Presidência”, como supõe, mas tem razão. Seu compromisso é acima de tudo com os pobres.

    E todos os sumidouros de dinheiro representam transferência de renda de pobres para não pobres.

    Publicado em VEJA de 5 de julho de 2024, edição nº 2900

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