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Ricardo Rangel

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Lula finalmente entendeu. Só que não.

A queda de popularidade acendeu a luz vermelha no Palácio do Planalto. Mas não há quem possa dizer a Lula o que precisa ser feito.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h15 - Publicado em 18 mar 2024, 17h58
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  • As pesquisas, que indicam queda forte na popularidade do presidente Lula e de seu governo, acenderam a luz vermelha no Palácio do Planalto.

    Lula entendeu o tamanho do problema. Reuniu o ministério, deu bronca generalizada, cobrou mais entregas, exigiu mais rapidez na concessão de crédito por parte dos bancos públicos, e determinou que os ministros viajem pelo Brasil, deem entrevistas, ocupem espaço na mídia divulgando ações e conquistas do governo.

    Lula entendeu o tamanho do problema, mas não entendeu qual é o problema. Ainda acredita que o que conta para a popularidade é a economia — e como comunicá-la à população.

    Economia continua sendo importante, claro, mas ela nem vai tão bem assim. Inflação caindo é boa notícia, mas inflação menor não significa preço menor: os preços continuam altos e continuam subindo, apenas um pouco mais devagar. Desemprego caindo é bom, mas os salários de hoje estão mais baixos do que já foram.

    Além da economia, ideologia, valores, costumes também são muito importantes atualmente. Evangélicos, por exemplo, não são uma classe social e não querem ser vistos como tal. Estão preocupados com família, costumes, pátrio poder, e veem com desconfiança muitas das bandeiras da esquerda. Querem liberdade para dar a seus filhos uma educação conservadora e para enriquecer trabalhando, sem precisar de favores do governo.

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    E há a questão da comunicação, que não se resolve com marqueteiro convencional (Lula acaba de reconvocar Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de 2022).

    “Estou cansado de ouvir falar nesse bicho de inteligência artificial. Em um país que tem tanta gente inteligente, para que precisa de inteligência artificial?” A frase, recente, de Lula é emblemática: o presidente, que nem sequer tem telefone celular, não compreende nem quer compreender o mundo moderno. Ou as redes sociais.

    Lula não sai do palanque, fala demais, de forma bombástica e gosta de assuntos polêmicos. Defende ditadores como Maduro e Putin; fala de Israel e Gaza de maneira irresponsável, empregando palavras perigosas; interfere em empresas como Petrobras e Vale; desanca o mercado financeiro; profere impropriedades sobre militares, evangélicos e o agronegócio. E continua a investir na polarização e a falar de Jair Bolsonaro, a quem acaba de chamar de “covardão”.

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    Lula foi eleito tendo contra si metade do eleitorado, mas não se interessa em compreender quem são essas pessoas nem em atraí-las para seu lado. Seu comportamento é de autossuficiência e onipotência, esfregando com raiva seus pontos de vista na cara dos eleitores cujo voto não mereceu.

    Com seu discurso radical, Lula obtém o inútil aplauso da esquerda (cujos votos já são seus), a irritação do centro e o ódio da direita. Pior, entrega de mão beijada ao bolsonarismo farto material audiovisual para ser editado, transformado em memes antilulistas e veiculado no atacado nas redes sociais.

    Alguém precisa dizer a Lula que o problema não está no ministério, nem nas entregas do governo, nem em como o governo comunica suas conquistas, mas na conduta do próprio presidente. Ocorre que a única pessoa próxima de Lula com intimidade suficiente para criticá-lo é Janja.

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    E Janja acha que Lula está fazendo tudo certo.

    (Por Ricardo Rangel em 18/03/2024)

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