Em outubro de 1994, o Acre elegeu uma nova senadora, “uma moça miúda e bonita de 36 anos, de fala firme e sorriso largo”, cuja história “parece saída de um conto de fadas amazônico — caso houvesse fadas esquerdistas, ou esquerdistas acreditassem em fadas”. Era a primeira menção de Marina Silva nas páginas de VEJA.
A reportagem trazia a história de vida da hoje pré-candidata à Presidência da República pela Rede, de adolescente analfabeta a congressista eleita pelo PT. “Seu plano para os próximos oito anos é o mesmo de quando decidiu sair do mato para estudar: ‘defender os excluídos, trabalhando pelo desenvolvimento auto-sustentado da Amazônia‘”, contava o texto.
Seu papel de destaque em defesa da floresta durante o mandato lhe rendeu a indicação para ser ministra do Meio Ambiente quando Lula (PT) tomou posse pela primeira vez, em 2003. Ficou no cargo até maio de 2008, quando pediu demissão após travar queda de braço com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff (PT). Elas divergiam sobre a concessão de licenças ambientais para a construção de hidroelétricas, contava a reportagem de VEJA de 21 de maio daquele ano.
Em 2009, ela rompeu de vez com o PT, se filiou ao PV e deu entrevista para as Páginas Amarelas da revista para contar o que defenderia na sua candidatura presidencial na eleição de 2010. Falou também sobre o seu plano para conquistar o eleitorado: “Minha geração ajudou a redemocratizar o país porque tínhamos mantenedores de utopia. Gente como Chico Mendes, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, que sustentava nossos sonhos e servia de referência. Agora, aos 51 anos, quero fazer o que eles fizeram por mim. Quero ser mantenedora de utopias e mobilizar pessoas”, disse na entrevista.
A primeira capa foi em 27 de agosto de 2014. Após o acidente que matou o então candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB), ela, que estava na chapa como vice, assumiu a dianteira da campanha. “Marina presidente?”, questionava a chamada da reportagem, que mostrava as opiniões, além dos pontos fortes e fracos da candidata.
Na época, há poucos meses da eleição, ela aparecia em segundo lugar, empatada tecnicamente com o candidato tucano Aécio Neves e atrás de sua antiga colega de esplanada e de partido Dilma Rousseff, que acabou vencendo o pleito.