Eu já me ocupei um dia de uma professora da Geografia da USP chamada Ana Fani Alessandri Carlos. Não há movimento de invasão ou causa ruim na universidade que não conte com o seu apoio. O outro post sobre essa valente foi publicado n o dia 24 de junho de 2007. Essa minha memória ainda mata os outros de raiva! Era o aniversário de um ano do blog. Eu lhe dei um presente, hehe.
Fani deveria ser matéria de investigação científica. Ela é considerada uma especialista em “espaço”. Huuummm… Vai ver por isso a convidaram certa feita para uma banca que avaliava um trabalho realmente excitante: “A representação do espaço nas histórias em quadrinhos do gênero super-heróis: a metrópole nas aventuras de Batman”. Eu não estou brincando. É por isso que a geografia nos ensinos fundamental e médio costuma ser terra de ninguém. Nem do Batman! Bons tempos em que mandavam decorar os afluentes do Amazonas!!!
O que mais me espanta nesta senhora, uma doutora, é o seu texto. O que ela escreve mal é uma coisa fabulosa! A sua redação capenga é expressão de seu pensamento intelectualmente indigente. Há um “manifesto” seu circulando por aí sobre os eventos da USP. Eu o reproduzo abaixo, cheio de vergonha alheia. Fani exibe alguns problemas de alfabetização que vêm lá do que antigamente se chamava “primário”. Fez-se doutora! Mais: espanta-me ainda a sua incapacidade de pensar logicamente. Se eu tirasse 0,25 ponto a cada erro que ela comete, como fazia quando era professor de redação, esta senhora levaria um zero com louvor.
Um dos papéis da doutora é orientar teses. É um evento particular que explica a miséria educacional brasileira. Esta senhora chega ao paroxismo de meter uma vírgula entre o sujeito e o verbo! Sua língua não tem cura. Nem seu pensamento. Ah, sim: não venham me dizer que enrosquei com sua gramática porque não quis debater as suas idéias. Olhem que posso perder a piedade e aceitar a sugestão… E pensar que há certamente quem admire a sua inteligência e siga a sua orientação… Leiam.
*
Caros estudantes
Foi com grande indignação e imensa tristeza que vi na última quinta feira a PM invadir o espaço da universidade e, ao fazê-lo, impor sua violenta racionalidade à vida cotidiana do campus. As “forças da ordem” instauraram o caos, usurpando a liberdade necessária e indispensável à realização de nosso trabalho, com o discurso da manutenção da mesma “ordem” que ele subverteu.
Não é difícil reduzir sua ação ao combate do tráfico de drogas sob o argumento de que o tratamento ao usuário de droga pego em flagrante deve ser o mesmo para todos os cidadãos sejam eles estudantes ou não, estejam eles no campus universitário ou fora dele.
A questão está longe de se resumir a esta ação/atitude. A situação em que nos encontramos é muito mais complexa. Trata-se do modo como o uso da força é justificado pelas autoridades. Assim a presença impositiva de uma fileira de motos, um despropositado número de PMs no estacionamento do prédio da História/Geografia, para autuar três estudantes (antecedidos por blitz constrangedoras e cada vez mais freqüentes aos estudantes da USP) com seus gadgets, somados á bombas de “efeito moral” instauram o caos e impediram que a atividade fim da universidade se realizasse. Além do que acabaram gerando mais violência e, com ela, um impasse, cujo desfecho certamente recaíra – como de hábito, pela punição aos mais fracos.
Consequentemente, trata-se de buscar a real origem de todo este caos que invade a vida cotidiana do campus subtraindo-lhe o sentido, e não poderia ser outra senão a lógica que orienta as atitudes da atual gestão universitária. Tal atitude vem revelando um desconhecimento do papel e sentido histórico desta instituição pública, preocupada que esta em atender as exigências do mercado – no discurso tratado como aproximação entre universidade-sociedade (seja lá o que isto quer dizer!)
Os crimes de todos os tipos e assassinatos não podem e devem ser aceitos passivamente, nem no campus, nem fora dele, mas suas origens parecem não estar suficientemente claros, o que parece certo, todavia que com violência e negação de direitos civis estaremos cada vez mais distante da busca de possíveis e desejadas soluções.
Certamente, trata-se de formar nossos estudantes na busca da compreensão do fato de que o consumo inocente de um baseado reproduz o circuito do narcotráfico fundado numa violência ainda maior do que a da PM, e cuja existência impede o mais simples convívio social nas áreas de sua atuação direta, bem como, no plano da sociedade a realização de um projeto que busque a realização do direto à cidade, a realização da cidadania plena e a subversão da situação de desigualdade que funda a sociedade brasileira.
Certamente os estudantes envolvidos nesta batalha devem ser totalmente favoráveis à superação desta condição de desigualdade que inclusive impede que a maioria daqueles que se encontram na mesma faixa etária tenham acesso à mesma universidade pela qual estamos todos engajados em sua defesa.
Abrir os portões da USP para a PM, vem revelando – em curto espaço de tempo – esta foi uma saída é, no mínimo, irresponsável.
A gestão da USP, ao abrir mão de suas atribuições, vem de forma consistente destituindo a universidade de seus conteúdos e sentido.
Para citar um caso dos mais graves, lembramos, aqui, os programas de pós-graduação deixados – pesquisadores e estudantes, com suas pesquisas – à mercê das instituições de fomento que vem impondo, no lugar do debate acadêmico, a competição entre programas e pesquisadores em busca de linhas em seus currículos lattes.
Competição esta, agora exacerbada pela nova lógica da carreira docente que faz com que o vizinho de sua porta se torne o inimigo a ser combatido por pontos pela progressão na carreira.
Na busca por estes objetivos, os prazos se tronam cada vez mais apertados esvaziando o ato de conhecer como ato de habitar o tempo lento da reflexão, agora, invadida pela quantificação.
Com isso é nosso trabalho que é completamente destituído de sentido, e o conhecimento produzido redunda em mera banalidade ou meras constatações. Agora, na mesma lógica que terceiriza a pós-graduação, a Universidade terceiriza mais uma das atividades que permite a realização de seus objetivos – a segurança do/no campus.
A cada passo as sucessivas gestões parecem perder pouco a pouco sua legitimidade para levar a universidade para o futuro, prolongando uma história de conquistas tanto no plano do conhecimento da realidade brasileira – agora comprometido pelo tempo veloz com que precisamos produzir textos,artigos, orientações, patentes, etc- quanto no cenário político brasileiro em sua luta contra a ditadura.
Que projeto vislumbrar? Que futuro podemos construir? Sem dúvida o coletivo desta grande universidade precisa apontar novas possibilidades e caminhos mirando o futuro, mas aprendendo com nossa história…..
Professora Dra. Ana Fani Alessandri Carlos
Departamento de Geografia da FFLCH/USP