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Reinaldo Azevedo

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MV BILL DIVULGA NOTA, NADA EXPLICA E AINDA COMPLICA

(leia primeiro o post abaixo) Então vamos aqui fazer uma síntese das estranhezas no que diz respeito, em particular, a MV Bill, o rapper. 1 – Ele escreveu um livro em parceria com Celso Athayde. Chama-se “Falcão: Mulheres e o Tráfico“; 2 – o livro foi publicado pela Editora Objetiva; 3 – quem publica livros […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h15 - Publicado em 20 jul 2009, 18h35
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  • (leia primeiro o post abaixo)
    Então vamos aqui fazer uma síntese das estranhezas no que diz respeito, em particular, a MV Bill, o rapper.

    1 – Ele escreveu um livro em parceria com Celso Athayde. Chama-se “Falcão: Mulheres e o Tráfico“;
    2 – o livro foi publicado pela Editora Objetiva;
    3 – quem publica livros sabe que ou o autor faz contrato com a editora em seu próprio nome, como faço, ou, então, em nome de uma empresa que lhe pertença;
    4 – ok, MV Bil e Athayde não são obrigados a seguir o usual, o costumeiro, não é mesmo? Por alguma estranha razão, quem recebe os direitos autorais do livro é a tal R.A.  Brandão Produções Artísticas. Agora leiam a nota que os dois divulgaram. Volto em seguida:

    NOTA de ESCLARECIMENTO em relação a coluna publicada na VEJA

    Com relação à citação do nosso nome pela revista Veja, na coluna “O hip hop da Petrobras” de Diogo Mainardi esclarecemos que a edição de nosso livro “Falcão: Mulheres e o Tráfico” não teve nem tem nenhum envolvimento da Petrobras, o verdadeiro alvo da publicação.
    Seguindo normas do mercado, recorremos à uma produtora privada legalmente estabelecida ( a R.A. Brandão Produções Artísticas ) na qual não temos nenhuma participação societária ou financeira, para nos representar junto a uma editora privada legalmente estabelecida ( a Objetiva ), num processo que não envolveu dinheiro público.
    Como se sabe, empresas especializadas representam os artistas nas atividades ligadas a direitos autorais, arrecadação e encargos.
    Assim como não nos cabe acompanhar o relacionamento dos nossos fornecedores com terceiros, não faz o menor sentido estabelecer qualquer conexão entre essas partes.
    Toda a documentação contratual, inclusive declaração de imposto de renda fruto desse contrato, está à disposição de eventuais interessados.
    MV Bill e Celso Athayde

    Comento
    MV Bill publicou a nota em seu blog. Havia lá, quando li, sete comentários. Só um deles estava devidamente sustentado nos membros posteriores. Os demais, com aquela saúde mental bovina, diziam coisas como: “Parabéns pela nota… Esse Diogo não é nada… Está tudo esclarecido”.

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    Está? Eu continuo a não entender nada. Ninguém afirmou que a empresa não está “legalmente estabelecida”. Deve estar, não é?, ou a Objetiva não teria feito um contrato com ela — suponho que exista um. O ponto definitivamente não é esse.

    O que realmente é interessante é saber que a empresa que representa MV Bill nesse contrato (é só nesse?), além de entender, então, de direito autoral, também é especialista em:
    – fazer cartilha sobre meio ambiente;
    – fazer bufê em obras de terraplenagem (esta certamente deve ser a atividade mais fascinante);
    – fazer dicionário sobre personalidades históricas;
    – fazer design ecológico em produtos sociais…

    Vá ser eclética assim lá na Petrobras!!! Por esses servicinhos prestados à estatal, a R.A. Brandão levou R$ 4,5 milhões. Alguém especializado em “design ecológico” (!?) em “produtos sociais” (!?) que fornece lanchinho de mortadela em obra de terraplenagem (deve ser esse o significado da palavra “bufê” naquele contexto) merece levar uma grana pela criatividade, não é mesmo?

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    Com efeito, nada há de estranho nisso tudo, vocês não acham? Raphael de Almeida Brandão (o “R. A. Brandão”) é um rapaz de 27 anos, e a sua empresa fica na sua casa. No mesmo endereço, está sediada também a Guanumbi Promoções. E para quem a Guanumbi presta serviços, leitor amigo? Bidu! Para a Petrobras. Já levou R$ 3,7 milhões.

    Diogo Mainardi, pelo visto, descobriu um gênio empresarial. Não é todo dia que uma empresa com capital social de R$ 5 mil consegue contratos com a maior estatal do Brasil que somam mais de R$ 8 milhões. Também não é todo dia que uma organização que serve tubaína em obra de terraplenagem representa uma das estrelas do chamado “business de contestação”.

    Mas o que me chamou mesmo a atenção na nota de MV Bill foi este trecho, vazado naquela linguagem típica do mundo dos nem sempre bons negócios: “Não nos cabe acompanhar o relacionamento dos nossos fornecedores com terceiros (…)”

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    FORNECEDORES? Como assim? O que a R. A. Brandão fornece a MV Bill? Segundo a sua própria versão, tinha entendido que a empresa era uma espécie de sua representante. Ademais, que papo mais torto este!

    Não, senhor MV Bill! Quem, como o senhor, tem coisas tão relevantes a dizer sobre a política, sobre o Brasil, sobre os miseráveis, sobre a violência, sobre a ética… Quem, como o senhor, se coloca como um crítico severo das desigualdades, acenando, então, com uma nova ética… Bem, quem é assim, sr. MV Bill, tem a OBRIGAÇÃO de escolher bons “fornecedores” (para usar a sua linguagem) ou bons prestadores de serviço.

    Ou será que a sociedade idealizada por MV Bill nada fica a dever à de Lula e de Sarney? Aquela em que os principais beneficiários de benesses nunca sabem de nada?

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    Os fãs de MV Bill podem decretar: “Está tudo explicado”. E, no entanto, ele próprio sabe que não explicou coisa nenhuma.

    Tivesse eu repórteres à disposição, eu os colaria no tal Raphael. Estou curioso para conhecer os múltiplos talentos desse moço, saber o tamanho de sua equipe, com quem ele trabalha, como conseguiu ter tantos e tão bons contratos mesmo sendo um novato na área — ou melhor: nas áreas. E também gostaria de saber quem, além de MV Bill e Athayde, compõe o seu elenco de artistas e/ou pensadores.

    Raphael Brandão! Eis o nome do geniozinho que presta serviços à Petrobras e é “fornecedor” de MV Bill.

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