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Lula e sobrinho são indiciados pela PF por contratos de sobrinho em Angola

Conforme VEJA revelou, o relatório dos investigadores aponta que "há indícios de vantagens auferidas pelo ex-presidente e seus familiares"

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h39 - Publicado em 5 out 2016, 14h16
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  • Por Thiago Bronzatto, na VEJA.com:

    Conforme VEJA antecipou na última sexta-feira, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu sobrinho, Taiguara Rodrigues dos Santos, na Operação Janus. O inquérito, com mais de 250 páginas, foi entregue ontem ao Ministério Público Federal — que vai avaliar se oferecerá denúncia ou não contra o petista. A investigação mira em contratos milionários firmados entre a Odebrecht e a empresa Exergia Brasil, cujo sócio é  Taiguara Rodrigues dos Santos, para a realização de obras em Angola.

    De acordo com o relatório da Polícia Federal, obtido por VEJA, há “indícios de vantagens auferidas pelo ex-presidente e seus familiares em decorrência de supostos serviços prestados”. No esquema delineado pelos investigadores, Lula atuava como “verdadeiro lobista da construtora Odebrecht”. Formalmente, a empreiteira contratava o ex-presidente para dar palestras em países da América Latina e da África, onde a empresa desenvolve projetos bilionários financiados pelo BNDES. Ao todo, Lula recebeu 7,6 milhões de reais da Odebrecht em sua empresa, a L.I.L.S., e em doações ao Instituto Lula. Nessas andanças pelo exterior, o ex-presidente se encontrava com chefes de estados e autoridades estrangeiras com os quais discutia assuntos do interesse da construtora, conforme revelam telegramas do Itamaraty analisados pelos investigadores. “Percebe-se, no contato de alguns telegramas, a atuação de Lula no intuito de beneficiar a construtora”, diz o relatório da PF.

    Em algumas dessas viagens para o exterior, Lula foi acompanhado pelo ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar. Conforme VEJA revelou na última sexta, o lobista da empreiteira, ao negociar seu acordo de delação, afirmou que Taiguara foi contratado pela Odebrecht a pedido de Lula, no mesmo ano em que o BNDES aprovou um financiamento para a empreiteira construir a hidrelétrica de Cambambe, em Angola. Foi nessa obra que Taiguara prestou serviço à construtora e recebeu 3,5 milhões de reais.

    Antes de virar parceiro de negócios da Odebrecht, Taiguara era dono de uma pequena vidraçaria. Transformado em empreiteiro de uma hora para a outra, comprou uma cobertura, enamorou-se por carrões e ostentou riqueza nas redes sociais. Na esteira das viagens internacionais do tio Lula, prospectou negócios na América Central e na África. Taiguara sempre negou qualquer favorecimento da Odebrecht. Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente. Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumavam identificá-lo como “o sobrinho do Lula”.

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