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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Jair Bolsonaro tenta puxar o saco de Sergio Moro e passa carão!

Deputado encontra juiz no aeroporto de Brasília e se aproxima, todo pimpão, para bater continência. O outro o ignora

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 4 jun 2024, 18h02 - Publicado em 30 mar 2017, 21h30
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  • Vejam este vídeo. Já volto a ele.

    https://www.youtube.com/watch?v=KvE43PW0CLY&feature=youtu.be

    O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não deixa de ser um fenômeno de marketing. Não deixa de impressionar que tenha chegado tão longe. Mais do que isso: conseguiu eleger sua prole.

    Na Internet, seus sicários de reputações atuam com uma energia ímpar. E delicadeza compatível.

    Talvez vocês não estejam ligando o nome à pessoa. É aquele parlamentar que se juntou a Jean Wyllys (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contra a educação. Como? Ora, eles se opuseram a que universidades federais possam — não seria obrigatório — cobrar por cursos de especialização.

    Os três “jotas” dessa suruba ideológica são contra ainda privatizações, terceirização, reforma da Previdência… Já escrevi sobre eles hoje mesmo.

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    Lava Jato
    O dado mais vistoso que Bolsonaro exibe em sua biografia se revela pela ausência. Ele se orgulha de não estar na Lava Jato. Que eu saiba, o Tiririca, que é um humorista mais competente do que Bolsonaro, também não. Mas nem por isso se candidata à Presidência da República, não é mesmo?

    No dia em que se torna público que Sergio Moro condenou o ex-deputado Eduardo Cunha a 15 anos de prisão e em que o juiz disse o que considerou impropriedades sobre o projeto que pune abuso de autoridade, Bolsonaro o encontrou no aeroporto de Brasília.

    O parlamentar estava acompanhado, né?, com a sua diligente “entourage”. Eis que ele vê o juiz Sergio Moro conversando com algumas pessoas — imaginem o assédio de que não é alvo, né?, ainda mais num dia como esta quinta.

    O buliçoso pré-presidenciável não teve dúvida. Sempre filmado por seus fãs, vai em direção a Moro e, ora, ora, resolve bater continência! Que soldado disciplinado!

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    A continência, claro, é indevida. Quando Bolsonaro decide ser engraçado, ele bate continência. O que fará quando fica furioso? A pergunta é retórica. Não quero saber.

    Bem, meus caros, assistiu-se a um vexame, né?, a um constrangimento. Moro, como se dizia no meu tempo de moleque, “se pirulitou”, se mandou, foi embora, saiu, como escrevia o redator no tempo em que se dizia “priscas eras”, em “desabalada carreira”, enquanto Bolsonaro olhava para os “populares” (outro termo delicioso d’antanho) com ar desenxabido.

    Não menos engraçado é acompanhar o que se deu nas redes, né? É claro que o vídeo viralizou. Está em todo canto.

    A análise objetiva, fria, técnica da situação, mostra que o juiz não queria ser visto ao lado do deputado de jeito nenhum. Até porque o homem não é apenas um investigado no STF. Ele já é réu mesmo.

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    Ademais, há o peso das vastas emoções e pensamentos imperfeitos do homem que diz que uma determinada deputada não “merece” ser estuprada porque é muito feia. Ele acha que isso é liberdade de expressão e que tal consideração está protegida pela imunidade parlamentar.

    Sim, Moro se mandou, fazendo um ligeiríssimo aceno. As páginas e canais de esquerda, por óbvio, não perdoaram. Ao menos desta vez, estão mesmo certas: Bolsonaro foi humilhado.

    Ah, mas não para os crentes da Igreja dos Santos dos Últimos Dias do Nióbio e do Grafeno! Seus entusiastas publicam o vídeo do vexame com títulos mais ou menos assim: “Encontro de mitos no aeroporto”.

    É claro que é espantoso! Que Moro seja alçado a essa condição, trata-se de um exagero, mas vá lá… Encarna hoje a luta contra a corrupção. Mas Bolsonaro seria mito exatamente por quê? Por suas feridas de guerra? Por  sua luta incansável pela democracia? Por sua aposta na tolerância política? Por seu apreço pela diversidade?

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    Ou, ora vejam, ele encarna o exato oposto de tudo isso?

    A resposta é óbvia.

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