Parece brincadeira.
Parece piada macabra.
Parece coisa de vilão de fábula infantil.
Mas é tudo verdade!
Reportagem de Leslie Leitão na VEJA desta semana conta um pouco da história de Maricá, cidade fluminense de quase 130 mil habitantes, a 60 km do Rio. Maricá tem o que poderia ser uma grande sorte: é um dos municípios beneficiados pelos royalties do petróleo, o que lhe rendeu R$ 35 milhões só nos primeiros três meses deste ano. Mas também tem uma grande urucubaca! É administrado pelo PT — o prefeito, Washington Siqueira, atende pelo apelido de Quaquá — e entrou na rede de interesses de José Dirceu. Sim, ele mesmo! O homem de verdade que se parece cada vez mais com vilão de fábula infantil.
A administração, vocês verão, está enrolada numa série de irregularidades. O desvio de dinheiro púbico pode chegar a R$ 150 milhões. Enquanto isso, os índices de pobreza se avolumam: 80% das casas não têm nem água encanada. A cidade é considerada a terceira pior do estado em atendimento à saúde. Mas o que importa é que Dirceu e sua turma podem dizer sobre a cidade: “Tá tudo dominado!” Leiam trechos da reportagem da VEJA.
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Como prova do reposicionamento de Maricá na ordem de interesses, um dos principais caciques do PT, José Dirceu, visitou a cidade pelo menos duas vezes desde a posse do prefeito petista Washington Siqueira, o Quaquá, em 2009. Em franca preparação para a reeleição, Quaquá vem espalhando pelo município cartazes de obras milionárias. Os milhões têm saído dos cofres da prefeitura, não há dúvida, mas a cidade pouco tem se beneficiado deles. Nesses três anos e meio. Quaquá e sua turma passaram a ser alvo de 21 processos e cinquenta inquéritos. No rol de abusos, o beabá da cartilha da corrupção: improbidade administrativa, danos ao Erário, prevaricação, peculato, abuso de poder econômico, superfaturamento, contratação de empresas-fantasma — maracutaias que podem ter feito evaporar do caixa oficial cerca de 150 milhões de reais.
Ao montar sua máquina administrativa, Quaquá convocou duas pessoas de fora. Uma é Marcelo Sereno, ex-assessor dele mesmo, José Dirceu, nos tempos em que era ministro da Casa Civil. Em 2010, Sereno assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria. Comércio e Petróleo de Maricá (…). Sereno se afastou em abril para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio, mas seus tentáculos na política maricaense continuam firmes. Outro laço do chefão petista no município é com Maria Helena Alves Oliveira, a secretária executiva e de Administração, que tem no currículo cargos semelhantes, sempre por indicação de Dirceu, nas prefeituras de Nova Iguaçu e Manaus. Até Lurian, a filha do ex-presidente Lula, hoje funcionária da prefeitura de São José dos Campos, no interior de São Paulo, já prestigiou Maricá: esteve lá no Carnaval e, três meses depois, foi até agraciada com o título de cidadã maricaense.
Na cidade, todo mundo sabe: são os apadrinhados de Dirceu, muito mais do que o próprio Quaquá, que realmente dão as cartas. Várias pessoas relatam ter ouvido de Sereno, por mais de uma vez: “Quem manda lá é a gente”. Boa parte dos contratos sob investigação da Justiça leva a assinatura da secretária Maria Helena. Um deles trata dos gastos com locação de veículos – o processo em curso aponta problemas em contratos que somam 18 milhões de reais. Um terço dessa quantia destinou-se à Lumar Locadora de Transportes Ltda., que tem sede no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a 100 quilômetros de Maricá. No endereço visitado por VEJA, funciona uma pequena loja de material de construção. Quem responde pela Lumar é Rosana Francisco de Moura Correia, que por breve período foi gerente da Subsecretária Executiva de Projetos Especiais de Maricá.
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Eis aí, meus caros. Leiam a íntegra da edição impressa da revista! Pobre Maricá! Tão perto do petróleo, mas tão perto de Dirceu!