Por Leandro Colon, na Folha:
A CPI da Petrobras anunciou nesta terça (19) que decidiu pedir a prisão do lobista brasileiro Julio Faerman, intermediário do esquema de propina entre a Petrobras e a holandesa SBM Offshore. A decisão foi divulgada após uma comitiva de oito deputados ouvir o ex-diretor da SBM Jonathan Taylor, delator do caso, em um hotel na cidade de Farnborough, nos arredores de Londres. “A CPI vai pedir a prisão do Faerman porque ele virou fundamental após a reunião com o Taylor”, informou o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA). O paradeiro de Faerman é incerto desde fevereiro de 2014, quando o caso veio à tona –há a especulação de que estaria morando em Londres.
Convocado para depor à CPI em março, ele não foi encontrado. A CPI pretende requerer que a Justiça acione a Interpol para localizá-lo. Taylor entregou documentos e gravações que detalham a atuação de Faerman na SBM, informação que a CPI não dispunha já que a empresa não tem colaborado com as investigações. Recebeu, por exemplo, papéis mostrando que ao menos US$ 31 milhões da Petrobras foram parar numa conta do lobista em empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal. Segundo os deputados, será dado prazo até terça (26) para Faerman comparecer à comissão, apenas como formalidade antes de emitir o pedido de prisão. “Vamos dar esse prazo por termos o ouvido o Taylor e, depois, requerer a prisão no mesmo dia”, disse Efraim Filho (DEM-PB). O depoimento de Taylor ocorreu depois de entrevista dele à Folha no mês passado. Ele foi ouvido como colaborador de maneira reservada, a pedido dele. O encontro durou sete horas e meia.
A CPI quer que Faerman se manifeste, entre outras coisas, sobre a versão do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que a SBM deu US$ 300 mil à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 –o valor não aparece na prestação de contas. Como representante da SBM no Brasil, Faerman recebeu US$ 139 milhões de 2007 a 2011 –Barusco já confessou que recebeu parte disso como propina na Suíça.
CGU
A CPI informou ainda que pretende convocar o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Valdir Simão, para dar mais explicações sobre possível atraso na abertura de processo contra a SBM. Taylor voltou a acusar a CGU de esperar a reeleição de Dilma para abrir o processo, mais de dois meses após ter recebido dele um dossiê.
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