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As universidades da dupla Lula-Haddad — Antes de policiais desalojarem invasores, a Unifesp já era caso de polícia

A Polícia Militar e a Polícia Federal desalojaram ontem 30 estudantes que haviam invadido dependências administrativas do campus de Guarulhos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Chamar aquilo de “campus” é apego excessivo à formalidade. A exemplo de outras universidades e campi avançados criados no governo Lula, sob a gestão de Fernando Haddad, trata-se […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h40 - Publicado em 7 jun 2012, 16h17
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  • A Polícia Militar e a Polícia Federal desalojaram ontem 30 estudantes que haviam invadido dependências administrativas do campus de Guarulhos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Chamar aquilo de “campus” é apego excessivo à formalidade. A exemplo de outras universidades e campi avançados criados no governo Lula, sob a gestão de Fernando Haddad, trata-se de uma biboca destinada a amontoar alunos. A dupla nunca se ocupou da qualidade de ensino nas federais ou na rede privada que recebe o leite de pata do ProUni. Queria produzir números.

    No dia em que se fizer um levantamento sério e independente da qualidade desse serviço no Brasil, vai-se ter noção do estrago e do tempo que vai demorar para qualificar a expansão. Em poucas áreas, incluindo a saúde — que é um desastre —, houve tanta improvisação. Os professores universitários, sempre tão mobilizados, não protestaram porque, não raro, as entidades que os representam estão dominadas pelos “companheiros”. Ao contrário até: o ApeDELTA começou a receber títulos de “Doutor Honoris Causa” em penca.

    Estava aqui puxando pela memória. Em 2008, o reitor da Unifesp foi demitido — oficialmente, pediu demissão — sob a acusação de malversação do dinheiro da universidade, conforme se lê em reportagem da Folha. Vejam que maravilha:

    O reitor da Universidade Federal de São Paulo, Ulysses Fagundes Neto, renunciou ontem em caráter irrevogável ao cargo máximo da instituição. A renúncia foi decidida depois da divulgação, na edição de ontem da Folha, de relatório elaborado pela Secretaria de Controle Externo do Estado de São Paulo, do Tribunal de Contas da União, sobre irregularidades nos gastos de viagem do reitor, entre 2006 e 2007. Segundo a equipe de inspeção do TCU, Fagundes Neto usou irregularmente recursos do Estado para pagamento de itens de consumo de luxo, cometeu desvio de finalidade, burla ao regime de dedicação exclusiva, realizou viagens não autorizadas ou com prazo superior ao estritamente necessário. Os fiscais propõem a devolução de R$ 229.550,06 aos cofres públicos.

    “Infelizmente, o envolvimento do meu nome no noticiário recente sobre gastos realizados em viagens de trabalho exige de mim tempo e disposição para minha argumentação e defesa”, escreveu o reitor na carta-renúncia que encaminhou ontem à tarde aos docentes da Unifesp. O MEC (Ministério da Educação) declarou vago o cargo. “O vice-reitor, Sergio Tufik, passa a responder interinamente pelo comando da universidade e tem um máximo de 60 dias para realizar o processo de escolha do novo reitor.”
    (…)
    Ulysses Fagundes Neto é médico pediatra especializado em gastroenterologia e nutrição. Assumiu o cargo de reitor da Unifesp pela primeira vez em julho de 2003, como sucessor de Hélio Egydio Nogueira, de quem era amigo e vice. Depois desse mandato, foi reeleito em chapa única em 2007.

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    Mesmo antes de assumir a reitoria, o nome Fagundes Neto já figurava em denúncias de irregularidades quanto ao uso de verbas universitárias. “Foi assumida como prerrogativa da chefia do departamento a possibilidade de dispor de verbas para despesas pessoais, compra de equipamentos e viagens sem autorização de qualquer instância administrativa do departamento ou do Cepep (Centro de Estudos de Pediatria da Escola Paulista).” O texto, escrito em 24 de setembro de 2003, foi assinado por alguns dos mais importantes quadros da pediatria brasileira, e refere-se ao período em que Fagundes Neto era chefe do departamento de pediatria da Unifesp, cargo que ocupou antes de se tornar reitor.

    A partir de abril deste ano, as denúncias de mau uso de verbas públicas recrudesceram. Fagundes Neto admitiu ter usado o cartão de crédito corporativo do governo federal para pagar artigos de uso pessoal: “Eu me equivoquei. Achava que era como uma diária, um dinheiro que você bota no bolso e não tem de explicar. Errei por falta de informação. Por isso, devolvi o valor integral numa demonstração de boa-fé e de respeito ao trato com o dinheiro público.” Ele afirma ter devolvido R$ 85 mil.

    O relatório do TCU divulgado ontem pela Folha afirma que o reitor hospedou-se em hotéis de luxo desnecessariamente, que visitou fábricas de queijo gourmet em Portugal, que foi a jogo de futebol entre o Chelsea e o Porto pela Copa dos Campeões da Europa, que consumiu conhaque Courvoisier e uísque, entre outros gastos, tudo às expensas da universidade. Também informa que o reitor fez a Unifesp pagar por viagens internacionais em que prestou consultoria remunerada a um laboratório privado. O somatório de gastos indevidos, segundo os fiscais do TCU, ficou em R$ 230 mil.

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