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Reinaldo Azevedo

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As eleições nos EUA, a velha cobrança do ET — “Levem-me a seu líder” — e as orelhas de Obama

Demorei um pouco porque estava fazendo uma entrevista. Adiante. Os assuntos internos quase não deixam tempo para falar um tantinho do que vai pelo mundo. Vamos lá. No post anterior, há um texto sobre a disputa interna dos republicanos, nos EUA, pelo direito de enfrentar Barack Obama, que disputa a reeleição. Vamos ver: acho que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h43 - Publicado em 20 jan 2012, 18h57
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  • Demorei um pouco porque estava fazendo uma entrevista. Adiante. Os assuntos internos quase não deixam tempo para falar um tantinho do que vai pelo mundo. Vamos lá. No post anterior, há um texto sobre a disputa interna dos republicanos, nos EUA, pelo direito de enfrentar Barack Obama, que disputa a reeleição. Vamos ver: acho que Mitt Romney, dado o conjunto da obra, é, a um só tempo, a melhor e a pior chance que têm os republicanos. Não é só gosto pelo paradoxo, não. Já explico o que quero dizer. Antes, tenho algumas considerações.

    Com raras, raríssimas mesmo!, exceções, as críticas que a imprensa liberal americana — secundada pela imprensa filoesquerdista ocidental faz ao Tea Party, o movimento conservador existente dentro do Partido Republicano, traduz uma espécie de rancor à democracia. Uma coisa é discordar das teses do grupo; outra, distinta, é tratar seus partidários como se fossem bestas-feras dispostas a liquidar com a América. Essa é, na verdade, só expressão de uma das faces do “obamismo”. Quem quer que se apresente como seu crítico à direita é logo satanizado. A turma do Tea Party não deu bola para a patrulha e resolveu radicalizar o discurso incorrendo, muitas vezes, em óbvios exageros retóricos, para a satisfação dos “progressistas”.

    Essa patrulha, pra mim, não tem nenhuma importância. Os “progressistas” americanos, à semelhança dos daqui, são policias de consciência dedicados, mas, por lá, o jogo é mais equilibrado, e os conservadores também têm uma forte presença no debate. Não existe esse virtual monopólio da opinião que há no Brasil. O ponto que me interessa é outro. O Tea Party conseguiu a adesão de milhões de eleitores da base republicana, mas não conseguiu produzir um líder de dimensão nacional. Ocorreu, infelizmente para os republicanos, uma espécie de fratura interna. Forças tradicionais do partido vêem o Tea Party com desconfiança, e seus admiradores não se sentem representados pelo que consideram a elite partidária.

    Por que digo que Mitt Romney é a melhor e a pior chance que têm os republicanos? Porque ele me parece o candidato mais preparado, mas, vejam só, não entusiasma a base que foi mobilizada pelo Tea Party. Parte da crítica que é feita a ele é curiosa: um de seus defeitos estaria em ser rico e, portanto, integrar uma elite supostamente predadora. Esse discurso, que sensibiliza correntes progressistas, hoje é feita também por grupos ultraconservadores. Ele é a melhor chance porque é o mais preparado; também pode ser a pior chance porque não empolga.

    A ser verdade o que apontam, no momento, as pesquisas, Romney pode ser ultrapassado por Newt Gingrich e, nesse caso, Obama poderá encomendar o terno da reeleição sem muito esforço. No debate da CNN de ontem, sua vida amorosa conturbada foi evocada, o que o deixou furioso. Nos EUA, é besteira tentar ignorar esses aspectos. E, se querem saber, eles estão certos. Não há nada de errado que se cobre de um homem público que viva conforme o discurso que faz.

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    Momento infeliz
    Os EUA vivem tempos um tanto infelizes no que diz respeito à política. Diga-se o que se disser, ver o presidente Barack Obama a discursar com o Castelo da Cinderela ao fundo, na Disney, é um bom retrato da época. “Sempre é agradável conhecer um líder mundial que tem orelhas maiores que as minhas”, disse o presidente, referindo-se a Mickey Mouse. Então tá.

    Romney disse que o presidente vive mesmo na “Terra da Fantasia”. Gingrich foi na canela: Obama ao lado de Mickey e Pluto seria uma foto do gabinete presidencial. O conjunto da obra, em suma, parece pouco sério, embora o mundo viva uma crise grave. Se a Terra parar (lembram-se do filme?), e um ET cheio de bons propósitos humanistas (!) descer da nave e pedir “Levem-me a seu líder”, imaginem o embaraço.

    Ademais, acho que as orelhas de Obama, simbolicamente falando, são imensamente maiores dos que as de Mickey. A realidade vivida hoje pelo Oriente Médio é a evidência do quão orelhudo é o atual presidente dos EUA…

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