Um relatório com um diagnóstico e recomendações sobre o uso de Inteligência Artificial no Brasil está prestes a ser publicado. A iniciativa partiu da Unesco, que reuniu uma série de pesquisadores, de diferentes áreas do conhecimento, para aplicar uma metodologia desenvolvida em 2022 e aplicada ao longo do ano passado. A análise foi elaborada com base em consultas públicas.
Para o professor Gustavo Macedo, um dos pesquisadores que se debruçou sobre o caso brasileiro, o relatório vai permitir que se saiba, de fato, quais são os desafios de cada país, com base em pesquisa e não em especulações.
“Dizem que países desenvolvidos têm tais dificuldades, países em desenvolvimento têm tais problemas. A gente não sabe, é muita especulação com pouca pesquisa. O que a Unesco está fazendo é justamente tentar fazer um diagnóstico preciso”, afirmou em entrevista ao Radar.
O Brasil, ao lado de Chile, Senegal e Marrocos, são os pioneiros em passar pela aplicação da metodologia da agência científica da ONU, o que impõe uma oportunidade ao país, podendo influenciar na criação de estruturas éticas e de governança sobre uso da I.A.
“Ocorre em um momento muito bom porque o Brasil está à frente do G20, como presidente do G20”, disse Macedo.
“Se no primeiro ano do governo Lula pouca coisa aconteceu nesta área, em 2024, o país pode avançar e virar referência mundial nessa discussão, principalmente, por conta dessa posição”, acrescenta o pesquisador.
Agora, na segunda fase da iniciativa, outros 50 países vão passar pelo diagnóstico, com o método sendo revisado, inclusive, com aspectos percebidos a partir da experiência brasileira.
O assunto foi debatido em congresso, no início de fevereiro, na Eslovênia. O evento reuniu lideranças globais, empresários e membros da sociedade civil, incluindo representantes de big techs, autoridades governamentais e pesquisadores. A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, participou de forma online.