Em mais um trecho da longa decisão que autorizou a prisão preventiva de Marcelo Crivella nesta terça-feira — em decorrência de desdobramento da Operação Hades — a desembargadora Rosa Helena Guita cita uma “indevida utilização” da Igreja Universal (IURD) pelo prefeito do Rio.
“Com relação à lavagem de dinheiro, chamam a atenção as estreitas relações religiosas mantidas entre o Prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Mauro Macedo, primo do fundador da referida Igreja, e Eduardo Benedito Lopes, bispo da mesma Igreja”, diz, citando relatório de inteligência financeira do Coaf.
De acordo com a magistrada, o relatório identificou e comunicou “movimentação financeira anormal no âmbito daquela instituição religiosa, na ordem de quase seis bilhões de reais no período compreendido entre 05/05/2018 e 30/04/2019, o que sugere a indevida utilização da Igreja na ocultação da renda espúria auferida com o esquema de propinas”. Seis bilhões de reais.
A decisão continua: “Até porque, como já observado,Mauro Macedo e Eduardo Benedito Lopes, ao lado de Rafael Alves, foram identificados como os operadores financeiros do grupo criminoso, ocupando, por assim dizer, o chamado “1o escalão”. Rafael Alves é o braço-direito de Crivella responsável pelo suposto “QG da Propina” na prefeitura do Rio.