A Polícia Federal deflagrou uma megaoperação na manhã desta quinta-feira contra uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para “obter vantagem de natureza política” com a manutenção no poder do então presidente Jair Bolsonaro, que foi alvo de medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência Filipe Martins foi preso pela PF. Ex-assessor de Bolsonaro no Palácio do Planalto, o coronel Marcelo Câmara também foi preso, na capital federal. Os agentes também prenderem o major do Exército Rafael Martins de Oliveira.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é alvo de buscas, que também ocorrem na sede do partido, em Brasília. Os generais Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e Augusto Heleno, que chefiou o GSI no seu governo, também foram visitados por policiais federais.
Outros alvos foram o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, que chegou a ser preso logo após o 8 de janeiro do ano passado.
Auxiliar de Bolsonaro até hoje, Tércio Arnaud, teve o celular apreendido. Ao todo, são mais de 20 alvos.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão e 48 medidas cautelares, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Agentes da corporação cumprem as medidas, expedidas por Moraes, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
“Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”, informou a PF, em nota.
De acordo com as investigações, o primeiro eixo consistiu na “construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022”.
Já o segundo eixo de atuação teria subsidiado a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
A nota informou ainda que o Exército acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”, conclui a PF.