Uma trapalhada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, ajudou a investigação da Polícia Federal, mostra o inquérito sobre as fraudes em comprovantes de vacina de Covid-19.
Em 13 de dezembro de 2021, Cid pede ao advogado e ex-militar, Ailton Barros, para enviar novamente o cartão de vacinação de Gabriela Santiago Cid, a esposa do ex-ajudante de ordens, pois ele teria “perdido os comprovantes”. Uma troca de mensagens entre Cid e Barros revelam a confusão.
“Coronel, o senhor ainda tem aquele print da do CONECTE SUS que o senhor tinha me mandado? Se eu pudesse me mandar de novo aí como, como que é o sistema todo aí, a gente perdeu os comprovantes. Se o senhor tivesse aí”, escreveu Cid ao ex-militar.
“Sempre deleto a p**** toda, mas eu já fiz contato com amigo aqui, ele tem a minha conversa lá com ele. E, e aí tem lá os dados, vai mandar para mim agora”, respondeu Barros.
Meia hora depois, a PF identificou o envio de duas imagens. Tratam-se da frente e do verso do cartão de vacinação de Covid-19 de Gabriela Cid, emitido em Duque de Caxias (RJ), em que constam duas doses de Pfizer. Depois, com o material apreendido em busca e apreensão no endereço de Ailton Barros, os agentes reviraram o notebook do investigado, encontraram as imagens e conseguiram analisar os metadados dos arquivos, que pela data e endereço, ligavam os documentos a Barros.
“Os dados corroboram a participação de AILTON BARROS no esquema criminoso, demonstrando que o investigado participou, não apenas da inserção dos dados falsos nos sistemas do ministério da Saúde, mas também na falsificação do cartão físico de vacinação da Prefeitura de Duque de Caxias/RJ, em nome de GABRIELA CID. Conforme exposto, após solicitação, AILTON BARROS encaminhou cópia do cartão falsificado para MAURO CID”, diz o inquérito.
Ainda conforme o inquérito, em dezembro de 2021, havia uma pressão para a expedição dos documentos adulterados de Gabriela. A esposa de Mauro Cid queria ter os certificados em mãos para uma viagem ao exterior.