O país andou, nos últimos dez anos, por caminhos reveladores, mas não saiu do lugar. Soube-se do sítio reformado por empreiteiros, do tríplex com elevador privativo, das listas de apelidos de políticos que receberam propina, das contas no exterior, das campanhas financiadas com dinheiro sujo, dos milhões amealhados em palestras, das consultorias milionárias dos consultores amigos do rei…
Operações foram deflagradas, inquéritos foram abertos, denúncias foram apresentadas e condenações foram proferidas. Muito tempo e dinheiro público foram investidos nisso e tudo acabou no mesmo inventário de nulidades de sempre.
A Operação Lava-Jato começou como uma grande ação contra grupos organizados que fizeram da corrupção um método de poder e enriquecimento, mas tornou-se, aos poucos, uma grande oportunidade perdida nas mensagens da Vaza-Jato. E não adianta culpar só o tal “sistema” se quem tinha a prerrogativa de guardar a lei também atuou fora das regras.
Em parte, é por causa disso que quase todos os personagens desse enredo estão reabilitados e poderosos. A Petrobras vai voltar a enterrar dinheiro no Comperj e em Abreu e Lima. As empreiteiras do Clube do Bilhão voltaram a ganhar contratos… O que restou da Lava-Jato é uma massaroca de novos políticos, aposentados no MPF, novos advogados criminais e até um influencer de direita.
Ao manter, nesta semana, o afastamento de magistrados que atuaram na operação, o ministro Flávio Dino foi direto ao ponto: a máquina judiciária, às vezes, funciona de forma inútil e ainda deixa a conta para o contribuinte, vítima dessa incompetência.