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O discurso da Coalizão Negra por direitos contra Bolsonaro e Tarcísio

‘Tudo o que eles odeiam, é o que nos mantém vivos’, disse Douglas Belchior

Por Lucas Vettorazzo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2022, 18h32 - Publicado em 25 out 2022, 18h32
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  • Durante evento de campanha de Lula (PT) no teatro da PUC-SP nesta segunda, Douglas Belchior, liderança da Coalização Negra por Direitos, disse que Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) atuam contra todas as pautas do movimento negro e que a reaproximação de Sérgio Moro com o presidente estaria a serviço do “encarceramento” e do chamado “excludente de ilicitude” dos policiais em serviço.

    Belchior criticou ainda o tratamento dado pela PF a Roberto Jefferson, que recebeu agentes federais com tiros de fuzil e granadas no domingo. Assim como MV Bill que, como o Radar mostrou, destacou o “privilégio branco” de Jefferson no caso do ataque aos agentes, Belchior afirmou que um jovem negro da periferia não teria a mesma “sorte” do cacique petebista.

    “Sobre o poder das palavras em cinco frases. Frase 1: ‘o que o senhor precisar, a gente vai fazer’, disse o policial federal ao prender o canalha do Roberto Jefferson depois de este ter recebido a PF a balas e granadas na porta da sua casa. Tratamento bem diferente do que é pensado e dispensado pelas polícias a jovens negros, periféricos e favelados todos os dias neste país. Frase 2: ‘por que o senhor atirou em mim?’. Estas foram as últimas palavras de Douglas Rodrigues, um jovem de 17 anos, no dia 27 de outubro de 2013, quando levou um tiro no peito por um PM aqui de São Paulo”, disse.

    Belchior afirmou que a construção coletiva do movimento negro permitiu a ele próprio sobreviver num país que mata “um jovem negro a cada 23 minutos”. A promessa de Tarcísio de retirar as câmeras das fardas policiais se insere nesse contexto de oposição às pautas raciais no Brasil, disse ele.

    “Eu fui um desses meninos. Contrariei as estatísticas. Sobrevivi como um homem negro num país que queria me matar. E o que me salvou? Os livros que a minha mãe lia, os filmes que ela assistia, as letras do  rap nacional, dos Racionais, do RZO, do DMN, do GOG, a educação, as artes e a cultura. O movimento negro salvou a minha vida. Tudo o que Bolsonaro e o Tarcisio odeiam, é o que nos mantém vivos. É por isso que o Tarcísio quer tirar as câmeras dos uniformes policiais, para poderem matar mais jovens negros. É por isso que Bolsonaro fez as pazes com o Moro, para ressuscitar o excludente de ilicitude e as políticas de encarceramento e morte”, disse ele.

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