Marcado para começar às 10h da manhã desta terça-feira, o depoimento do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na CPI da Pandemia no Senado deve colocar governistas e a oposição em situação inversa do restante dos trabalhos da comissão.
Enquanto aliados de Jair Bolsonaro devem partir pra cima do primeiro titular do Ministério da Saúde do governo, oponentes planejam deixar a briga acontecer, pressionando eventualmente para que ele faça uma espécie de “delação premiada” contra o presidente. O sonho dos senadores que não são governistas é ver Mandetta, animado com os ares da CPI, contar o que somente as paredes do Planalto ouviram.
A expectativa é tanta para a fala de Mandetta, que vai abrir de fato os trabalhos da comissão, que o depoimento do seu sucessor, Nelson Teich, previsto para as 14h, ficou totalmente em segundo plano. Como ele ficou menos de um mês no cargo, os senadores devem focar nas razões para sua saída precoce. A oposição, é claro, vai mirar o papel de Bolsonaro no processo, com ênfase na diretriz para o uso de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Integrantes da CPI passaram o fim de semana e esta segunda-feira preparando as perguntas aos depoentes com suas assessorias. E também com o auxílio de apoiadores, como revelou o senador Eduardo Girão ao Radar: “inclusive recebemos centenas contribuições de meus seguidores nas redes sociais. Levamos em consideração também essas sugestões da sociedade que está bem conectada na CPI querendo que a Verdade venha a tona e não apenas uma parte dela”.
A dinâmica das oitivas também pode reservar fortes emoções. Depois que o presidente da comissão, Omar Aziz, abrir a sessão, o relator, Renan Calheiros, terá prioridade para iniciar as perguntas. E poderá usar o tempo que achar necessário. Segundo um integrante do governo Bolsonaro ouvido pelo Radar na noite desta segunda-feira, Calheiros “não deve nem estar dormindo direito, de tanta felicidade”.
Os demais membros da CPI terão cinco minutos para fazer seus questionamentos. Já o depoente poderá usar cinco minutos para as respostas. Em seguida, serão disponibilizados mais três minutos para réplica e três para a tréplica. A ordem das indagações será por inscrição dos senadores.
Mandetta, por sua vez, se preparou mantendo o silêncio em público. Nos últimos dias, ele negou entrevistas sob a alegação de que precisava demonstrar respeito aos senadores da comissão.