Às vésperas da visita oficial de uma comissão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas minas de urânio em Caetité (BA), a estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) está com um abacaxi de bom tamanho para descascar.
O Instituto de Águas da Bahia acaba de constatar que três pontos de água contamina dos, dois deles nos terrenos onde estão as minas de urânio da INB. Um dessepontos apresenta uma contaminação 40 vezes acima do nível máximo permitido pela Organização Mundial de Saúde.
O Instituto de Águas da Bahia suspendeu de fornecimento e consumo para os pontos contaminados e exigiu que a prefeitura local providenciasse carros-pipa para o abastecimento de água de cerca de 1 000 famílias.
Na segunda-feira, quando a turma de inspeção da AIEA desembarca em Caetité, que explicações a INB dará? O Greenpeace já programa várias manifestações para o dia da visita.
Na verdade, a descoberta da contaminação tem o carimbo do Greenpeace. Em 2008, a ONG ambientalista mais ativa do planeta foi a Caetité fez uma análise de sete poços na zona rural do município e constatou que dois deles estavam contaminados. A partir daí, o Instituto de Águas da Bahia começou a realizar novas análises e descobriu mais três poços contaminados dentro das minas da INB.
(Atualização: a assessoria da INB enviou um esclarecimento sobre o episódio. “Esclareço que a presença de maior concentração de uranio nos poços da regiao de Caetite pode ocorrer, já que a região é uma riquíssima província uranífera. Ou seja, por fenômenos naturais, como, por exemplo, maior ou menor pluviosidade, as águas dos poços podem apresentar maior concentração de urânio, sem que isso comprove que a presença do mineral é provocada pela atividade da unidade de mineração. O urânio lá um elemento natural. O poço onde se encontrou maior concentração de urânio fica a montante da mina, portnto, pelo caminho natural das águas, a mineração não poderia levar urânio para o poço. Segundo estudos da empresa Geoservice, o aquífero de Caetité é do tipo confinado, ou seja, as águas não circulam de um poço para o outro, já que se encontram em rochas graníticas, impermeáveis. A INB não tem nenhum abacaxi a descascar com a presença da AIEA. Muito ao contrário, a Agência Intgernacional de Energia Atômica vem ao Brasil a convite da INB, para que uma equipe de especialistas analise todas as etapas de produção da mina, indicando o que está de conformidade e como a empresa pode melhorar seus procedimentos. Helena Beltrão, assessora de comunicação da INB”.)