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Luís Fabiano: “A possibilidade de voltar para o Brasil existe”

Quando marcou o seu segundo gol contra a Argentina anteontem, selando a vitória em Rosário, Luís Fabiano estava adicionando mais um capítulo ao período que considera o melhor de sua carreira – e que inclui sua atuação na última Copa das Confederações. O atacante do Sevilha, que quase foi vendido para o Milan este ano, deixou a […]

Por Da Redação Atualizado em 31 jul 2020, 16h56 - Publicado em 7 set 2009, 08h31
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  • Quando marcou o seu segundo gol contra a Argentina anteontem, selando a vitória em Rosário, Luís Fabiano estava adicionando mais um capítulo ao período que considera o melhor de sua carreira – e que inclui sua atuação na última Copa das Confederações. O atacante do Sevilha, que quase foi vendido para o Milan este ano, deixou a fama de bad boy para trás e hoje só pensa em 2010. Precavido, evita assumir-se como titular absoluto, mas reconhece que está com um pé na África do Sul.

    Depois de cinco anos na Europa, Luís Fabiano está hoje com a cabeça no Brasil. Garante que voltará se, até o fim de seu contrato, que se encerra em dois anos, nenhum dos maiores clubes europeus o levar. E, ao contrário dos festeiros, não visa às noites cariocas ou paulistanas. Aos 28 anos, o número nove sonha morar na pequena Espírito Santo do Pinhal, no interior paulista, onde tem um sítio: “Eu gosto de pescar, gosto de ficar no meio do mato”.

    Na semana passada, ainda no Rio de Janeiro, antes de embarcar para a Argentina, Luís Fabiano deu esta entrevista exclusiva.

    Como você está vendo esse movimento de vários jogadores como Vagner Love, Ronaldo e Adriano voltando para o Brasil?
    Esse é um desejo que eu tenho: poder voltar em condições de jogar não só dois ou três anos antes de aposentar. Acredito que em breve vai acontecer.

    É só um desejo ou já há alguma proposta?
    É um desejo.

    O clube seria o São Paulo?
    O primeiro seria o São Paulo. Pela história, por tudo o que eu passei e porque me sinto bem no São Paulo. Mas tem outros grandes clubes no Brasil que também me atraem e não haveria problema nenhum em voltar e jogar nesses clubes.

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    Hoje qual é a sua prioridade, voltar para o Brasil ou jogar em um grande clube europeu?
    Essa possibilidade de voltar para o Brasil existe porque dentro de dois anos eu fico livre, então a decisão vai ser minha. É esse o desejo que eu tenho. Mas como veio essa proposta do Milan esse ano e não deu certo, no ano que vem pode aparecer outra e eu assinar por mais quatro anos…

    Mas qual a prioridade?
    Depende do clube…

    Se for como Inter, Milan, Bercelona?
    Se for um desses, perfeito. Agora, se for um time de segundo ou terceiro escalão da Europa, por qualquer preço eu venho para o Brasil. Independentemente do dinheiro.

    Você é o único atacante titular absoluto da seleção…
    Titular absoluto foi você quem disse, eu vou acreditar (risos). As coisas foram dando certo desde que eu voltei. E sempre tive esse pensamento, esse objetivo de poder voltar para a seleção e ter uma sequencia, coisa que eu nunca tive, mas estou tendo agora. Me sinto tranquilo e confiante, sei que o treinador confia em mim e isso é importante para manter esse sonho da Copa do Mundo.

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    Quem você diria que está certo na Copa?
    Garantido são uns três, acho que o Kaká, o Julio Cesar e o Robinho. Mas outros já estão cavando seu espaço. Quem define é o treinador, mas esse é a minha opinião.

    E você?
    Fiz tudo para merecer essa vaga. Me sinto bem encaminhado.

    Quem é o parceiro ideal de ataque para você?
    É difícil falar em parceiro ideal. Já joguei com o Robinho muito bem; na Copa América joguei com o Adriano e deu certo… A partir do momento que você tem um parceiro, você tenta se adaptar a ele e ele a você, e tenta que a coisa dê certo.

    Qual o melhor e o pior momento de sua carreira?
    O pior foi a morte do meu companheiro de clube na Espanha, Antonio Puerta, que teve um ataque cardíaco dentro do campo num jogo Sevilha e Getafe. Foi muito traumático, amedrontou os jogadores, ficou um clima estranho durante muitos meses dentro do vestiário. Meses e meses, porque na sequencia tivemos uma final da Supercopa da Europa e perdemos. Aí você vai juntando decepções e fica aquele clima, aquele vazio, uma coisa estranha até porque a cidade se comoveu, parou a cidade. Ficou muito tempo com homenagens e homenagens, e aí demora para você assimilar, o tempo demora a passar. Você sempre lembrando do companheiro, sempre passando na TV, sempre fazendo homenagem. Foi um momento muito triste que a gente viveu no Sevilha.

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    E profissional?
    Profissional foi a perda da Libertadores em 2004, que foi quando rompeu um pouco a relação da torcida do São Paulo com os jogadores. Naquela ocasião eu e o Rogério Ceni fomos muito pressionados, mas eu não tive a oportunidade de poder dar a volta por cima. O Rogério Ceni continuou e deu, mas eu fui vendido e saí.

    Você falou dos piores momentos, e o melhor?
    Foram tantas alegrias que tive dentro do Sevilla e da seleção… Posso te dizer que essa Copa das Confederações pode ter sido o melhor, pela sequencia que tenho tido nos últimos anos, desde 2007 até agora, conquistando títulos.

    O São Paulo ganhou os três últimos brasileiros e já está de novo entre os líderes. O que o São Paulo tem que faz ele chegar a isso?
    Primeiro é a organização do São Paulo. A organização é diferente, a estrutura é diferente e a condição que o clube dá pro jogador é diferente. A condição psicológica, condição física, alimentar, tudo. O São Paulo é um clube completo, te dá todas as condições para você desempenhar o seu melhor futebol.

    É como um clube europeu?
    Clube europeu? Meu time lá não tem a condição que o São Paulo tem. O Sevilla tem um CT (centro de treinamento) legal, mas não é um São Paulo. Não tem um hotel no CT, alimentação no CT, não tem a estrutura que o São Paulo tem.

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    Sua mãe foi sequestrada em 2005. Em que medida a violência é um problema para sua volta?
    Já me assustou mais. Depois que minha mãe foi sequestrada passei a ter um pouquinho de raiva do Brasil, digamos assim. Porque passei dois meses de angústia, de muita apreensão, sem notícia, sem poder vir para o Brasil, porque a polícia falou que era melhor ficar em Portugal, se não eles iriam pressionar mais em termos de negociação. Fiquei lá, sem notícia, com muita angústia e ainda tinha pressão de jogar. O clube não “exigia”, mas é aquela coisa…

    Hoje você está mais tranquilo em relação ao Brasil?
    É por que eu gosto de ficar no Brasil. Tirando minha mãe, nunca sofri roubo, nada. E aí, entraram na minha casa na Espanha, fizeram minha mulher refém, roubaram meus relógios, apontaram arma para minha filha, deram uma coronhada na minha empregada… Isso na Espanha, um país que praticamente não existe violência. Lá aconteceu uma coisa que nunca aconteceu comigo no Brasil. Então, a violência hoje está em todo lugar. Aqui no Brasil, tem mais, mas você está sujeito à violência em qualquer parte do mundo.

    E quando voltar ao Brasil, onde pretende morar?
    Eu vou morar no interior, sem dúvida. Eu pretendo morar em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, onde eu tenho o sítio.

    Você aproveitou muito a vida?
    Na verdade eu nunca fui de aproveitar muito a vida, de ter vida de solteiro. Eu namorei com a minha mulher desde os 17 anos, então não me deu tempo de ter esse lado de farra, de aproveitar de noite. Minha mulher foi fundamental para mim por isso. Porque se eu tivesse solteiro na minha fase do São Paulo (risos) eu não sei se eu aguentaria não estar aqui jogando. Vou falar para você, tinha muita coisa fácil. Nesse ponto minha mulher deu uma segurada. Minha mulher ficou grávida em 2003, quando eu jogava no São Paulo, então já pasei a ter essa responsabilidade de não decepcionar minha mulher grávida. E depois que nasceu minha filha, fiquei mais caseiro ainda. Então não tive esse lado de farra.

    Você conquistou muita coisa, já ganhou muito dinheiro. Tem algum bem material que você queria ter comprado e não comprou?
    Não. Graças a Deus, não. Não sou muito ligado a caprichos, a bens materiais. Procuro sempre fazer as coisas com os pés no chão. E aquilo que eu gostaria de comprar mesmo, graças a Deus, tive condição de comprar, que foi um sítio. Gosto de pescar, de ficar no meio do mato, esse era um desejo que eu tinha e acabei comprando. Mas de resto, coleciono relógios não tenho um desejo de comprar muita coisa.

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