Feudo petista e laboratório de diversas políticas públicas do partido, a cidade de Maricá, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi beneficiada de maneira indireta pela falta de humanidade de Jair Bolsonaro no caso do veto à distribuição de absorventes íntimos às estudantes e mulheres pobres do país. Diversos governantes anunciaram medidas para combater a chamada pobreza menstrual na sequência da atitude do presidente, caso, por exemplo, do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que anunciou a distribuição gratuita do item de higiene.
Na tarde desta sexta foi a vez do prefeito de Maricá, Fabiano Horta (PT), anunciar que fará o mesmo. Ele disse nas redes sociais que se trata de “uma questão básica de saúde”. Maricá é um município litorâneo que fica a 60 quilômetros da capital fluminense. A cidade, que tem uma receita forte com royalties do petróleo, é berço, por exemplo, de políticas caras ao petismo, como a tarifa zero nos transportes públicos e a renda básica universal. Horta foi reeleito prefeito no primeiro turno do ano passado depois de assumir, em 2016, o posto do também petista Washington Quaquá, que comandou a cidade por dois mandatos.
Maricá ficou conhecida nacionalmente pela infame conversa pega em um grampo da Lava Jato em 2016 entre Eduardo Paes e Lula na qual o então prefeito do Rio desdenha da cidade e a chama de “merda de lugar”. Não por acaso, nas eleições para governador em 2018, ele recebeu menos votos do que seu concorrente Wilson Witzel. O governador do Rio já mudou, mas o petismo prevalece firme e forte em Maricá.
Apesar de positiva a medida anunciada pelo prefeito da cidade de 167.668 habitantes, também não deixa de ser irônico que uma gestão que se orgulha de ter políticas fortes voltadas aos mais pobres só tenha se atentado para a questão da pobreza menstrual, há tempos defendida pelas mulheres, em parte em reação à insensatez presidencial. Independentemente da motivação, no fim, o que importa é que as mulheres sejam atendidas.