A psicanalista Cleide Regina Scarmelotto acionou a Comissão Nacional da Verdade para apurar o funcionamento de um hospital psiquiátrico como “laboratório de tortura de mulheres” durante a ditadura militar, em Santo André (SP). Ela diz ter sido internada pela própria família por namorar um homem negro.
O Sanatório Palmares foi aberto em 1968 e, conforme a petição apresentada à Comissão, pode ter sido utilizado como uma extensão das torturas ocorridas no DOI-CODI. O hospital psiquiátrico foi fechado na década de 1990 pelo então prefeito Celso Daniel.
Segundo o relato de Cleide, no local, ocorria o uso intenso de medicações e aparelhos de choques elétricos com o objetivo de medir o grau de consciência das internas. Os experimentos eram observados por médicos civis e militares.
“Sistematicamente o uso do corpo da requerente enquanto adolescente, para testes e aprimoramento de torturas a serem aplicadas em presas políticas, é mais uma das atrocidades ocorridas e tempo em que o Estado nacional desumanizava uma para promover a desumanização de outras”, diz o documento.
De acordo com o advogado Renato Ribeiro, um dos autores da petição, o pedido para apuração do Sanatório está sob análise da Comissão Nacional da Verdade. Se a solicitação for aceita pelo comitê, o passo seguinte é a indicação de um relator para o caso.