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Entidade da lista tríplice do MPF crítica ‘sentimento de revanche’ de Lula

A Associação Nacional dos Procuradores da República voltou a defender o processo de escolha dos postulantes ao cargo de procurador-geral da República

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 mar 2023, 09h53 - Publicado em 22 mar 2023, 09h37
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  • Depois de Lula declarar que a única coisa que tem certeza sobre a escolha do próximo procurador-geral da República é que “não vai escolher mais na lista tríplice da categoria“, a ANPR, entidade responsável pelo processo de indicação dos três nomes escolhidos pelos integrantes do Ministério Público Federal, divulgou há pouco uma nota pública na qual critica o “sentimento de revanche” do presidente.

    “O Ministério Público Federal tem que saber que não vou escolher por responsabilidade da força-tarefa do Paraná que foi moleque, que prejudicou a imagem do MPF. Um bando de moleque irresponsável”, disse o petista nesta terça, em entrevista ao Brasil 247.

    “É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras”, respondeu a Associação Nacional dos Procuradores da República.

    Leia a nota na íntegra abaixo:

    A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem, em razão de declarações do Presidente Lula nas últimas semanas sobre a não observância da lista tríplice para a definição do Procurador-Geral da República, apontar questões fundamentais para que esse debate seja conduzido de forma republicana e democrática.

    A lista tríplice é adotada em todos os outros Ministérios Públicos, e o processo de escolha permite ao país conhecer melhor os postulantes ao cargo. Os candidatos são devidamente escrutinados não apenas pela carreira, mas também pela imprensa e pela sociedade, podendo ser identificados suas qualidades e aptidões ao cargo.

    Ao tratar a definição do PGR como uma escolha pessoal, o presidente da República abre mão da transparência necessária ao processo e se desvincula da preocupação com a autonomia da instituição e com a independência do PGR. Com isso, contraria o próprio discurso de campanha, quando mencionou, de forma correta, o mérito de seus governos anteriores ao escolher o PGR com base na lista, de forma a demonstrar que, diferentemente do que entendia ser uma prática de seu oponente, não tentaria exercer qualquer controle indevido sobre o Ministério Público Federal.

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    É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras.

    Da mesma forma, a generalização sobre o papel do MPF, como se este pudesse ser resumido à Operação Lava Jato, despreza a importância histórica da instituição em diversas outras atuações e na defesa de direitos, sobretudo nos campos socioambiental e da cidadania.

    A ANPR segue confiante que o diálogo, com a sociedade e com o próprio Presidente Lula, permitirá a tomada de decisão que fortaleça a democracia e sinalize para a institucionalização de um modelo transparente.

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    Assim, permaneceremos na defesa da lista tríplice, pois ela atende de forma eficaz ao comando constitucional que trata o MPF como instituição de Estado, e não de governo.

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