O presidente pode fazer piadas, pode criar rótulos, pode negligenciar um vírus mortal que impôs ao mundo uma quarentena histórica — o custo pessoal por tal postura é exclusivamente dele –, só não pode jogar com a vida da família militar. Enquanto o presidente se arrisca no jogo político, as Forças Armadas, como o Radar já mostrou, adotam medidas no mundo real contra a crise.
Afinal, com gripezinha, corpo de atleta ou não, são os jovens soldados que estão começando a ir para a linha de frente do combate ao coronavírus, arriscando as próprias vidas e as vidas de suas famílias numa guerra insistentemente ridicularizada por Jair Bolsonaro.
É esse sentimento, presente em quem está na condução das tropas, que fez o discreto comandante do Exército, Edson Leal Pujol, gravar nesta terça o mais contundente dos pronunciamentos já feitos por ele na caserna, classificando a guerra ao coronavírus de “a missão mais importante de nossa geração”.
A postagem foi às redes por volta de 19h, uma hora e meia antes de Bolsonaro produzir o mais simbólico ataque ao trabalho de prevenção do seu próprio governo, incluindo aí as forças do Exército, contra o vírus.
“O momento exige união, organização e especial cuidado com nossa saúde e a daqueles que nos cercam”, afirmou o comandante. “O braço forte atuará se for necessário, e a mão amiga estará estendida mais do que nunca a nossos irmãos brasileiros”, seguiu Pujol, fazendo referência ao lema da caserna.